Frutalense está entre os detidos da Operação Capitu, que prendeu o vice-governador hoje

Estourou hoje em Minas Gerais a Operação Capitu, desdobramento da Operação Lava Jato que investiga esquema de propinas no Ministério da Agricultura durante a gestão da ex-presidente Dilma. Dentre os presos temporariamente pela Polícia Federal estão o vice-governador Toninho Andrade (então ministro à época) e o frutalense Mateus de Moura Lima Gomes, advogado que foi vice-presidente da CEMIG em 2015-2016.

Além deles, o empresário Odo Adão Filho, de Uberaba, também está na lista das pessoas com mandado de prisão temporária decretada, no entanto, Odinho, como é conhecido, não teria sido localizado pela PF. 

De acordo com as investigações, empresas doavam dinheiro irregularmente para políticos e partidos. Segundo as investigações, havia um esquema de arrecadação de propina dentro do Ministério da Agricultura para beneficiar políticos do MDB, que recebiam dinheiro da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Em troca, empresas do grupo eram beneficiadas.

Como seria o esquema de corrupção: O esquema que levou para atrás das grades o vice-governados Antonio Andrade (MDB), o deputado estadual João Magalhães (MDB) e executivos da JBS, entre eles o empresário Joesley Batista, envolveu corrupção no Ministério da Agricultura durante a gestão de Dilma Rousseff (PT), financiamento ilegal da candidatura do então deputado federal Eduardo Cunha (MDB) para a presidência da Câmara dos Deputados e caixa dois na campanha do MDB em Minas Gerais nas eleições de 2014.

A operação batizada de Capitu se baseou em delação do doleiro Lúcio Bolonha Funaro – ligado ao MDB – sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Ministério da Agricultura em 2014 e 2015. Em troca de medidas que beneficiassem a JBS, foram pagos pelo menos R$ 37 milhões em propinas. A maior parte, R$ 30 milhões, foi paga durante a gestão de Antonio Andrade. 

Metade do valor foi destinada à campanha de Eduardo Cunha ao comando da Câmara dos Deputados, e os outros R$ 15 milhões ficaram sob responsabilidade de João Magalhães, que na ocasião era deputado federal, para rateio entre integrantes da bancada do MDB. 

 O equema de repasse do dinheiro envolveu duas redes de supermercado de Belo Horizonte e seis escritórios de advocacia em Belo Horizonte e Uberaba, no Triângulo Mineiro. No primeiro caso, houve uma espécie de “compensação financeira” entre os supermercados e a JBS, fornecedora de produtos. Em vez de as lojas quitarem suas dívidas com a cadeia de frigoríficos, elas repassaram os valores a João Magalhães. 

De acordo com o delegado Mario Veloso Aguiar, responsável pelo inquérito, há provas de entrega do dinheiro em malas e até caixas de sabão. Outro mecanismo foi a doção de R$ 9 milhões a candidatos do MDB nas eleições de 2014. A PF não soube precisar qual a vantagem obtida pelos supermercados para participarem do esquema. O proprietário de uma das redes foi preso durante a manhã desta sexta-feira. O outro, em viagem ao Uruguai, negocia a entrega à PF. 

A participação dos escritórios no esquema teve a intermediação da JBS, Eduardo Cunha e João Magalhães. Seis escritórios, sendo cinco deles de Minas Gerais e um do Rio de Janeiro, emitiram notas fiscais fraudulentas, como se tivessem prestado serviço à JBS. O valor repassado, no entanto, foi encaminhado a beneficiários finais indicados por João Magalhães e Eduardo Cunha. Para a Receita Federal, a prática configura o caixa dois em campanha eleitoral. 

“Foram feitas doações eleitorais que tinham aparência de legalidade”, afirmou o superintendente da Receita Federal em Minas, Mário Dehon. A Receita disponibilizou 52 servidores, entre auditores fiscais e analistas tributários, para investigar o esquema. A questão eleitoral não foi aprofundada na Operação Capitu. Um inquérito específico foi aberto para tratar do assunto.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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