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Enchente de São José e tradições folclóricas

Desde criança sempre ouvi dizer que em 19 de março ocorria a “cheia de São José” e que isso seria um presságio de um ano bom de chuvas. Pelas lembranças que tenho já ouvi isso de minha mãe, avós e de conhecidos com algumas primaveras a mais que a minha. E acho interessante como mesmo com o passar dos anos a cultura de se falar na “cheia de São José” não mudou muito.

Talvez hoje o número de pessoas que ouçam falar da cheia possa ter diminuído. Mas ainda assim tenho alguns amigos que procuram viajar nesse dia para evitar as chuvas que podem vir e tornar a rodovia mais perigosa. Ou, se pensarmos em cidades como São José do Rio Preto ou Uberaba, que sofrem com enchentes, há sempre aquele medo de ficar preso na avenida enquanto a água não baixa.
Acho bacana que esse tipo de tradição ainda persista, mesmo que timidamente. Aliás, manter as raízes, preservar a história e as tradições – folclóricas ou não – é uma forma de fazer com que possamos conhecer melhor de onde viemos, quais são nossas origens e quais são os aspectos culturais que acabam por reger muito do contexto onde vivemos: cidade, estado ou país.
Já houve tempos em que a valorização desse tipo de cultura foi maior. Atualmente não digo que ele não exista, mas talvez tenha ficado restrito a grupos menores e que tentam, a todo o custo, preservar esse tipo de “sabedoria popular”. Da mesma forma, outros personagens que outrora povoaram com maior força nosso imaginário, hoje encontram-se praticamente esquecidos: Saci-Pererê, Caipora, Pai da Mata, Mula Sem Cabeça, Boitatá, Curupira, entre tantos outros.
Salvo em escolas do ensino fundamental ou na palavra de uma ou outra pessoa ligada à área de cultura, esses personagens foram perdendo seu espaço. Mas, curiosamente, mesmo diante de tanta informação e contestação, ainda é possível ouvir falar da Enchente de São José.
Se é verdade ou não que o dia 19 de março é o dia “das águas das chuvas”, não sei. Mas só sei que pelo mês em que estamos, seria muito bom que ela acontecesse, mesmo se vier aí uns dias atrasada. Afinal, como dizem os poetas, “são as águas de março fechando o verão”.
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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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