Adolescente frutalense fica em segundo lugar em concurso nacional de literatura e obra já está disponível em bibliotecas de todo o país

Imagina se você com apenas dez anos de idade e ainda no quinto ano do Ensino Fundamental ficasse em segundo lugar em um concurso literário nacional promovido pelo Ministério da Educação e tivesse o seu texto transformado em um livro com tiragem inicial de 170 mil exemplares.
Pois essa é exatamente a história do estudante frutalense Santhiago Gomes de Almeida que em 2018, quando ainda estudava na Escola Municipal Alonso de Morais participou de uma aula de biblioteca e ali conheceu a história do Profeta Gentileza, um homem que viveu na cidade do Rio de Janeiro e dedicou a sua vida a pregar o amor e o respeito ao próximo.
Daquela aula Santhiago tirou a inspiração para escrever um poema sobre a vida do profeta. O texto, que no início era apenas uma simples lição de casa, se transformou em dos textos preferidos do júri do concurso “Faça parte dessa história”, promovido pelo MEC. Entre os milhares de textos enviados por alunos de todo o país, o texto do frutalense Santhiago ficou em segundo lugar na competição.
Um feito e tanto para alguém que quando escreveu o poema nem sequer imaginava que os melhores trabalhos seriam transformados em livros. “Eu fiz porque sempre gostei de ler poesias e gibis e também adoro escrever, mas quando estava fazendo a tarefa nem imaginava o que iria acontecer e onde esse texto iria me levar”, relembra Santhiago.
Apesar de na época não ter nenhuma pretensão literária e nem cogitar vencer o concurso promovido pelo Ministério da Educação, Santhiago fez o dever de casa com o zelo e o capricho habitual. “Eu comecei a escrever o poema era umas três da tarde e só terminei já tarde da noite. Tinha várias ideias e estava difícil colocar todas elas no papel, então levou um certo até tempo até que eu me sentisse satisfeito com o que eu estava escrevendo, para que eu sentisse que o poema estava finalizado como eu gostaria”.
Na manhã seguinte Santhiago entregou o dever de casa, alguns meses se passaram até que veio a notícia: o texto dele havia sido o escolhido como o segundo melhor do país. Como prêmio ele receberia uma viagem com direito a um acompanhante e todas as despesas pagas para São Paulo para ir até a Bienal do livro. “Além disso, eu ganhei um notebook e poderia levar a minha mãe junto para que pudéssemos passear e conhecer a Bienal. Fiquei muito feliz, mas a ficha não tinha caído ainda”.
O estudante frutalense só se deu conta da grandiosidade do seu feito quando chegou na capital paulista, o prêmio foi entregue pelo próprio Ministro da Educação da época, além disso, dezenas de editoras estavam interessadas em publicar o poema. “Havia várias editoras do Brasil interessadas em publicar o meu poema, foi um longo processo de negociação até que minha mãe e eu fechamos com a Universo dos Livros”.
Parecia que o poema estava próximo de se transformar em livro, mas veio o Coronavírus, uma pandemia global e os planos tiveram de ser adiados, só depois de quatro anos de espera o livro está sendo, enfim, publicado. “Esperar todo esse tempo, lógico que me deixou um pouco ansioso. Mas a editora estava sempre em contato comigo, eu via como estavam ficando a diagramação e as ilustrações e ficava muito feliz e empolgado em ver o meu poema se transformando em uma obra literária”.
Apesar de acompanhar, mesmo que a distância toda o processo de edição e editoração do livro, Santhiago não esconde a emoção ao relembrar o momento que viu a obra definitivamente pronta. “Ver o meu nome na capa de um livro me deu uma sensação indescritível e saber que esse livro vai estar nas bibliotecas de todo o Brasil e influenciar a vida de milhares de estudantes me deixa um bastante empolgado”.
Não é exagero dizer que “O Gentileza gerou gentileza”, poderá influenciar a vida de milhares de crianças, além de terem sido publicados 170 mil exemplares só na primeira edição, a obra ainda recebeu o selo de altamente recomendado do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. “Ele vai estar presente na maioria das bibliotecas da rede pública do país e espero que as crianças e adolescentes que lerem o meu livro sejam tocadas pela mensagem que está contida nele, acho que é isso que todo a autor espera que sua obra faça a diferença na vida de alguma pessoa”.
Mesmo com o talento atestado e aprovado para as letras e para contar boas histórias, Santhiago ainda não sabe se quer se tornar um escritor profissional. “Encaro a escrita ainda como um hobby apesar de já estar escrevendo um novo livro, dessa vez uma ficção científica, mas está muito no início e nem sei ainda se tenho a intenção de publicar ele, talvez eu guarde este só para mim”.
A diretora da Escola Coronel Alonso de Morais, Tatiana Paula Silva Ribeiro, na época era professora de Santhiago e classificou o jovem escritor como um menino diferenciado. “Ele sempre se interessou muito por livros, tem uma paixão genuína pela leitura e escreve muito bem”.
Tatiana ainda destaca na época a escola enviou centenas de textos para participarem do concurso literário do Ministério da Educação. “Sempre acreditamos no potencial das nossas crianças, sabemos que temos verdadeiras preciosidades aqui. Mas lógico que é uma emoção enorme como educadora saber que o seu aluno ficou em segundo lugar em concurso nacional com milhares de participantes”.
A diretora do Alonso de Morais ainda destaca que a escola sempre incentivou a leitura entre as crianças. “É um trabalho que começa pela sala de aula, passa pela bibliotecária Polyana e conta com o apoio da maioria dos pais. Aliás, esse é um trabalho que já executamos há anos e esse prêmio veio, de uma certa maneira, coroar o trabalho desenvolvido por todas as educadoras da nossa escola”.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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