Seis vereadores de Campina Verde são presos em operação

Fonte: G1/ Triângulo

Seis dos 11 vereadores da Câmara Municipal de Campina Verde foram presos preventivamente nesta terça-feira (18) durante uma operação que apura desvio de verbas públicas para fins particulares através do recebimento indevido de diárias para viagens. Dezesseis mandados de prisão também foram cumpridos em imóveis e na Câmara.

A Operação “Trinta Moedas” foi deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Uberaba em conjunto com a Polícia Militar (PM), Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais (SEF-MG) e Departamento Penitenciário (Depen).

Além do desvio de verbas públicas, foi apurado que os vereadores também cometeram crimes de tráfico de influência, corrupção nas eleições da Mesa Diretora da Câmara de Campina Verde, prática de “rachadinhas”, além de crimes contra a ordem fazendária através de emissões de notas fiscais falsas e alterações indevidas nos registros de gado de fazendeiros da região.

Segundo o coordenador do Gaeco de Uberaba, promotor José Cícero Barbosa da Silva Júnior, os nomes dos vereadores presos não foram divulgados por causa da lei de abuso de autoridade. Os seis parlamentares foram encaminhados ao pronto-socorro, onde passaram por corpo de delito e depois serão encaminhados para o presídio de Itapagipe.

Crimes apurados

Segundo o Gaeco, as investigações começaram em setembro de 2019 e duraram cerca de seis meses.

Foi constatado que o grupo, conhecido como “diaristas” pelos colegas do Legislativo, viajavam sob a justificativa que iriam participar de cursos de capacitação para a gestão pública – dos quais nem participavam – para receberem diárias, em caráter indenizatório, por gastos que supostamente ocorreriam durante essas viagens.

Os vereadores, por meio do recebimento de diárias indevidas, geraram gastos aos cofres públicos em torno de R$ 500 mil.

A corrupção nas eleições da Mesa Diretora da Câmara de Campina Verde ocorreu em negociação de voto entre dois parlamentares, no qual o candidato à presidência da Câmara ofereceu a outro parlamentar abrir mão do valor de R$ 60 mil, que seriam devidos em honorários advocatícios.

O tráfico de influência foi verificado quando um parlamentar solicitou vantagem indevida para uma terceira pessoa em exame de direção. Baseado na influência do vereador, foi feito um pedido para que um terceiro fosse aprovado no exame da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), sendo que, dias depois, houve aprovação desse candidato.

O Gaeco constatou, ainda, por parte de vereadores integrantes do grupo de “diaristas”, a prática das conhecidas “rachadinhas”, ou seja, funcionários contratados e pagos pela Câmara Municipal que dividem as remunerações com os vereadores que os indicaram, como forma de garantir os próprios empregos.

Os parlamentares também cometeram crimes relacionados ao comércio de gado. De acordo com o Gaeco, agindo por meio de falsas movimentações de gado, o vereador conseguia empréstimos a juros diferenciados do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), transferia virtualmente cabeças de gado entre outros pecuaristas como forma de burlar o imposto de renda e emitia notas fiscais destas transferências simuladas junto ao Instituo de Meio Ambiente (IMA).

Para operar essas transações, o vereador declarava ter nas próprias fazendas um número de cabeças de gado que ultrapassaria em muito a capacidade de abrigar os animais, dado o limite territorial das propriedades. O Gaeco informou que as cabeças de gado que realmente existem nas propriedades serão contabilizadas para comparação com a declaração do vereador aos órgãos competentes.

Operação “Trinta Moedas”

O Gaeco explicou que o nome Trinta Moedas é uma referência ao preço pelo qual o discípulo Judas Iscariotes traiu Jesus, de acordo com uma citação bíblica, pois os vereadores de Campina Verde “traíram” o povo em troca de valores financeiros.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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