Opinião: a estratégia de desviar o foco

A Câmara de Frutal não pode ser apontada como a responsável pelo fracasso administrativo da Prefeitura. Inicio esta fala apontando que, nas últimas semanas, uma verdadeira estratégia do Executivo tem procurado confundir a cabeça do frutalense apontando que todos os problemas da cidade poderiam ser resolvidos com o dinheiro do Legislativo, o que, além de só criar confusão, também é algo fácil de ser questionado. Só em 2017, para se ter uma ideia, a Prefeitura de Frutal fechou o ano com um superávit de aproximadamente R$6, milhões (fiz uma correção com o número correto após verificar os dados no Portal Transparência). O que isso quer dizer? Que havia sido prevista uma arrecadação de R$129 milhões e que, no final das contar, entraram mais de R$134 milhões nos cofres públicos. Para onde foi essa diferença toda? Só o que entrou a mais na conta da Prefeitura equivale a todo o orçamento da Câmara de Frutal em 2017.

Para este ano de 2018, estão previstos até R$145 milhões de arrecadação para a Prefeitura de Frutal o que, não me surpreenderá, pode ser ainda muito mais. Enquanto isso, o orçamento total da Câmara Municipal não passará de R$7 milhões. A minha pergunta – enquanto jornalista e também diretor de Comunicação do Legislativo – é a seguinte: como que a prefeita espera resolver todos os problemas de Frutal contando com o dinheiro da Câmara que, em termos de volume, é bem menor que o da Prefeitura?

Coloco a pergunta em debate por acompanhar o que tem ocorrido em Frutal. Dentre as estratégias da Prefeitura em provocar essa discórdia está os gastos que tem com publicidade. Só no ano passado foram mais de R$200 mil com propaganda, enquanto a Câmara não chegou aos R$15 mil no ano todo. Para 2018 devem ser gastos pela Prefeitura mais uns R$150 mil com publicidade. É desta forma, contando com o apoio de alguns meios de comunicação, que se cria essa celeuma.

Além disso, se observarmos os gastos da Prefeitura com cargos Comissionados, temos a soma estratosférica de R$6 milhões anuais só em salários de cargos em comissão. Todos sabemos que alguns cargos comissionados são necessários para o andamento do município, mas o excesso deles é prejudicial a partir do momento em que, um corte de 50% deste montante já seria suficiente para resolver o problema do Jardim Brasil.

Para este ano de 2018 o orçamento da prefeita prevê R$1 milhão para ser gasto como verba de gabinete. Uma sala, com três funcionários, um vice-prefeito e uma prefeita, vai consumir uma montanha de dinheiro e, ao que parece, ninguém tem se incomodado com isso. Da mesma forma, é ridículo acreditarmos que da previsão de R$958 mil para a secretaria de Esportes e Lazer não foram suficientes para apoiar as equipes de Frutal na Copa da APF em Mirante do Paranapanema (de onde os garotos voltaram com 3 troféus, um deles de campeão).

Os números mostram que tentar colocar na “conta” da Câmara a solução de todos os problemas da cidade é uma tentativa de desviar o verdadeiro foco dos problemas da Prefeitura. Uma estratégia de comunicação que permite a prefeita gerar uma “crise” para o Legislativo e ir passando “de fininho” nos fracassos que vem acumulando do primeiro ano de mandato.

E o restante deste ano de 2018 vai ser interessante, já que a partir de fevereiro, com a volta das reuniões ordinárias da Câmara, muito há de ser questionado formalmente à prefeita pelos vereadores. E muitas explicações – boas ou ruins – hão de aparecer, obrigatoriamente, por parte da Prefeitura. Vamos aguardar!

 

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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