Número de queimadas que interferem na rede elétrica da Cemig cresceu 55% em 2021

A companhia realiza campanhas para minimizar essa prática que, além de já ter interrompido o fornecimento de energia para quase 280 mil clientes somente este ano, destrói a natureza e coloca o patrimônio em risco 

O número de clientes prejudicados por queimadas na área de concessão da Cemig aumentou 6,4 vezes nos sete primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período de 2020. De janeiro até julho desse ano, a companhia registrou 145 queimadas que interferiram no funcionamento da rede elétrica, interrompendo o fornecimento para mais de 277 mil clientes, ante as 93 ocorrências que causaram interrupção para cerca de 43 mil clientes no mesmo período do ano passado.

No Triângulo e Alto Paranaíba, apenas nos sete primeiros meses de 2021, foram registradas 17 queimadas que afetaram a continuidade do fornecimento de energia para quase 26 mil clientes, ante 15 ocorrências que interromperam o fornecimento de energia para 7,5 mil clientes em 2020 na mesma região.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o estado de Minas Gerais registrou um aumento de 104% no número de focos ativos nos primeiros sete meses do ano, quando comparado com o mesmo período de 2020, ficando 65% acima da média anual. Este aumento significativo tem relação com diversos fatores, mas o principal está relacionado com a fraca estação chuvosa de 2020/2021, que conduziu a umidade do solo a níveis mais baixos do que o usual neste período. Historicamente, agosto, setembro e outubro são os meses que representam cerca de 77% do total de focos no ano e, considerando as condições atuais, podemos prever um período crítico para os próximos meses.

Para minimizar as ocorrências deste tipo em sua área de concessão, a Cemig realiza, todos os anos, campanhas para conscientizar a população dos danos provocados pelas queimadas, que prejudicam não apenas milhares de clientes, mas também destroem a natureza, matam animais silvestres e colocam em risco o patrimônio de particulares. As crianças formam um público importante dessas campanhas, pois se sensibilizam mais facilmente e levam para os adultos as informações sobre os cuidados para evitar os danos causados pelo fogo em áreas abertas.

Com a pandemia e as restrições de acesso aos ambientes escolares para palestras e atividades educativas, a Cemig e o Grupo Giramundo de Teatro de Bonecos produziram um vídeo ilustrativo, especialmente voltado ao público infanto-juvenil, alertando sobre os riscos das queimadas para o setor elétrico e a natureza. Nele, os personagens Lék (elétron), Nêu (nêutron) e Ton (próton), representando as partículas subatômicas, batem um papo sobre os danos causados e interagem com animais silvestres que são ameaçados por essa prática. O vídeo, intitulado “Partículas”, é uma iniciativa inédita de animação digital do grupo Giramundo e pode ser conferido neste link.

Além de queimar postes e os cabos da rede elétrica – especialmente na área rural -, os incêndios podem causar curtos circuitos que interrompem o fornecimento de energia, podendo prejudicar hospitais, postos de saúde, indústrias, serviços, produção rural e até mesmo cidades inteiras.  

“O aquecimento dos cabos e equipamentos da rede elétrica pode levar ao desligamento de linhas de transmissão, linhas de distribuição e subestações e, pior, causar graves acidentes com pessoas que estão próximas a essas áreas. Portanto, são muitos os transtornos causados para quem depende da energia elétrica que é interrompida pelas queimadas”, explica o gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da Cemig, João José Magalhães Soares. 

Um dos maiores desafios para as equipes de campo da Cemig, para fazer a manutenção desse tipo de ocorrência, é chegar ao local da rede elétrica atingida. “Normalmente, esses locais são de difícil acesso e em áreas muito amplas. Além disso, levar estruturas pesadas, como torres e postes, em áreas acidentadas torna ainda mais desafiadora a manutenção das redes prejudicadas pelas queimadas. Nosso Estado é muito grande, com muitos relevos e isto dificulta muito os trabalhos de nossas equipes”, afirma. 

Esse tipo de ocorrência também pode prejudicar a geração de energia. As queimadas e os incêndios florestais contribuem para a formação de erosão, vetor responsável por causar o carreamento de solo (terra) e o assoreamento dos reservatórios de abastecimento de água e de geração de energia, bem como os demais cursos de água. “Por isso é importante lembrar: além dos já citados problemas com a falta de energia,  há também o prejuízo em relação à água, que é um bem essencial à vida do homem, animais e vegetais”, completa João José Magalhães Soares. 

Ações preventivas

Além de campanhas educativas, a Cemig realiza, constantemente, ações preventivas, investindo na limpeza de faixas de servidão, com poda de árvores e arbustos que estão sob as os cabos de energia da Cemig, além da remoção da vegetação ao redor dos postes, torres, subestações e usinas. Em complemento a isso, e com o objeto de antecipar-se a ocorrência de queimadas sob suas linhas de transmissão e distribuição de energia, a Cemig criou um sistema de alerta de queimadas.

Este sistema utiliza dados de satélite e de modelos meteorológicos para identificar, monitorar e prever o deslocamento de focos de queimadas nas proximidades de suas linhas de distribuição e transmissão, permitindo às equipes de campo realizar inspeções em pontos específicos para avaliar os riscos de possíveis desligamentos. Isto permite agir proativamente no combate às queimadas, diminuindo tanto a frequência quanto a duração destes desligamentos. Além disto, a Cemig está finalizando o desenvolvimento de uma ferramenta para identificação de riscos de ocorrência de incêndios relacionadas a aspectos climáticos e humanos, que poderá prover ainda mais informações para as ações de preparo e combate às queimadas.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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