Escola Estadual Maestro Josino de Oliveira (EEMJO): vamos dar destaque ao que é destaque? – Por Otavio Luiz Machado

otaviomachadoTenho acompanhado de perto a vida da Escola Estadual Maestro Josino de Oliveira (EEMJO) desde fevereiro com certa intensidade através de atividades de extensão universitária, o que me deixa muito a vontade para falar sobre o nosso Estadual.
A primeira reação quando conversamos com as pessoas e citamos o nome do Estadual geralmente é de carinho, embora também algumas pessoas reajam dizendo “como lá mudou”. Não é só a escola que mudou, mas a sociedade como um todo. A preocupação das famílias em formar seus filhos em casa e acompanhar a vida escolar deles com todo o rigor não é mais a mesma. A escola tendo a centralidade da aquisição do conhecimento perdeu espaço para a internet, que é um espaço muito valorizado pelos estudantes. E tantos outros exemplos que apontam o quanto são imprecisas certas comparações entre o ontem e o hoje.
A grande questão é que quando se fala do Estadual não tem se dado destaque ao que destaque, ao que é bom, ao que ainda faz parte da essência da escola. Não se fala dos estudantes que passam em vestibulares concorridos, das feiras de ciências, das inúmeras atividades culturais que lá ocorrem, do esforço dos professores e das professoras em dar o seu melhor, etc etc.
Se o Estadual faz parte da comunidade frutalense e está inserido dentro das instituições escolares com seus professores, estudantes e funcionários técnicos, então falamos de um grupo social privilegiado. Mas tal grupo é destaque em alguns veículos de comunicação quando o assunto é meramente negativo: drogas, brigas, falta de zelo com o espaço público. Um estudo intitulado “Outsiders: estudos de sociologia do desvio” (de Howard Becker), que segue a tradição de estudos da chamada Escola de Chicago é um estudo que pode nos fazer pensar sobre o que está acontecendo. Na figura do “outsider”, que é “aquele que se desvia das regras de grupo”, o “desviante” sempre será eles, nunca nós. O perfeito estará sempre em nós, não nos outros.
O mais grave de tudo é que quando se quer exemplo do que é pior na sociedade é preciso ir lá no Estadual, porque na imagem que se quer construir do Estadual é que lá se concentra tudo … tudo que não é bom. O que não é verdade!!! A maioria do que se tem lá é bom!!! As pessoas que lá estão merecem respeito e consideração!!!
É a velha visão do senso comum que infelizmente vai sendo construída sobre a escola. E o povo vai embarcando nessa, porque é mais cômodo, é “porque ouviu falar” e é preciso ver no outro aquilo que não vê ao seu redor! A visão tacanha que se forma só não perde para o caso do Ribeirão Frutal. As pessoas não reagem, porque o comodismo é enorme. E expressam assim: “o problema não está na porta da minha casa, então eu nada preciso fazer”.
Até estudantes universitários estão querendo embarcar na onda da
reprodução dos estigmas, das rotulações e dos estereótipos quando tratam do Estadual EEMJO. Leia-se na prática: preconceitos, indiferenças, intolerâncias!
Como vivemos numa era de subjetividades disruptivas (destrutivas), então é difícil a compreensão sobre os outros. Só digo uma coisa para finalizar: não se pode exigir uma escola perfeita numa sociedade onde tudo é imperfeito!

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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