Acusado de violência sexual, monitor escolar concede entrevista e diz ser inocente

Um dia após a mãe da criança de 4 anos – cuja investigação de suposto abuso sexual está em andamento – ter procurado a reportagem do Jornal da 97, também um dos apontados como suspeito se pronunciou em entrevista com a finalidade de se defender das acusações a que vem sendo submetido.Desde o dia 8 de agosto – quando foi divulgada a denúncia feita pela mãe da criança –, Franklin Arkaten, que é casado e pai de uma menina de cinco anos, tinha se mantido em silêncio a fim de não atrapalhar as investigações que estão sob a responsabilidade do delegado da Polícia Civil, Bruno Giovaninni.Franklin conta que é montador de móveis e trabalhava como monitor no Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) “Antônio Gomes Pinheiro”, desde 2016 e teve a sua vida completamente mudada por conta da acusação de violência sexual contra a garota de 4 anos.

“Sempre procurei exercer meu trabalho de forma correta e ética dentro da instituição. Tenho boa convivência com toda a equipe, com a comunidade escolar e os pais de alunos. Nunca tive nenhum problema em relação a esse tipo de questão. Sempre trabalhei de forma justa, procurando o melhor para as crianças e sou totalmente contra qualquer tipo de violência contra elas, seja sexual, física ou psicológica”, ressalta.

INVERDADES

De acordo com Franklin, a mãe da criança disse uma série de inverdades e isso tem lhe causado problemas como ansiedade, insônia, depressão, bem como financeiros, já que, como montador de móveis, não conseguiu nenhum trabalho há 30 dias, quando foi apresentada a denúncia na mídia e redes sociais.

“Financeiramente, a minha renda despencou, o que me traz problema como pai de família. Foi uma denúncia muito grave contra a minha pessoa. Se eu saio com minha família, as pessoas ficam apontando o dedo para mim, me julgando e falando pelas minhas costas. Além disso, tenho recebido muitas ameaças, o que me causou muitos problemas psicológicos. Tudo tem sido muito complicado”, relata.

DEMISSÃO

Franklin comenta que a mãe da criança teria dito que ele foi demitido do CEMEI junto com outra professora que também foi acusada de participar do ato de violência.

A informação, segundo ele, está no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar.Ele rebate essa afirmação declarando que saiu do CEMEI porque tinha feito uma denúncia contra a direção e a Administração Municipal com relação a falta de estrutura física e até de alimentos no centro de educação infantil.

Por esse motivo, ele teria sido realocado para atuar no transporte escolar que atende o povoado do Garimpo do Bandeira, acrescentando que a outra professora continua no mesmo local de trabalho.

“É um local que eu amo trabalhar, mas infelizmente tive que sair porque fui obrigado. A mãe sabia disso porque eu postei um vídeo no grupo das mães da minha sala me despedindo dos meus alunos ”, diz.

Outra declaração da mãe que ele classifica como ‘inverdade’ é o fato de ela ter dito que não citou o nome de ninguém na denúncia apresentada. Conforme Franklin, ela o denunciou formalmente no boletim de ocorrência que registrou na polícia.

EXAMES

O monitor também relata que ele e a esposa fizeram o teste de HPV e ambos deram negativo para essa doença, tendo os resultados dos exames para comprovar.

Na entrevista, a mulher teria dito ainda que Franklin era o único homem na instituição e que ela teria certeza absoluta que foi uma pessoa do sexo masculino que cometeu o abuso sexual contra a sua filha.

De acordo com ele, existem outros homens no CEMEI onde trabalhava que atuam em sala de aula, bem como em outros postos como secretaria, cozinha e zeladoria.“Ela ainda falou que eu sou um monstro, instigando violência contra minha pessoa e minha família, colocando a nossa integridade em risco. Recebi ameaças muito duras, inclusive de pessoas dizendo que deveria fazer o mesmo com a minha filha. Isso foi muito pesado para mim”, frisa.

“Todas as vezes que a mulher vai até a mídia – continua – as pessoas voltam a me ameaçar e eu tenho que ficar preso como se fosse culpado porque essas acusações caluniosas que me prejudicam muito. Se a criança foi realmente violentada, ela é a principal vítima dessa história. Se não foi, tem outra vítima que sou eu e a outra professora que está sendo acusada injustamente e deve estar passando pelos mesmos problemas que eu”.

PREJUÍZOS

Franklin acrescenta que a mãe da criança acabou com a sua carreira e com sua vida pessoal e, por isso, terá que provar todas as acusações que ela já fez. Ele também tem feito ‘prints’ dos comentários e ameaças, além de gravações telefônicas que recebeu e estas pessoas deverão responder criminalmente pelos atos.“Não sou culpado por esse ato. Eu tenho enorme carinho pelas crianças e repúdio qualquer tipo de violência. Amo trabalhar com elas, mas nunca de forma maliciosa. Por isso, peço à população para abrir o coração para mim novamente e dar oportunidade de mostrar quem eu sou, para ganhar essa confiança e que voltem a fazer serviço comigo porque eu não fiz nada de errado. Perdi amizades e clientes. Os únicos que me apoiaram foram minha família e meu advogado”, lamenta.

O monitor conta ainda que não é a primeira vez que a mãe da menor faz acusações contra a instituição em que a filha estuda. “Ela já acusou uma professora de ter enforcado e deixado a filha dela de castigo, de outro aluno ter agredido a menina e agora essa grave acusação. Não sei qual o motivo”, diz.

Segundo ele, a criança tinha um grande histórico de faltas no CEMEI, chegando a ter 16 ausências registradas em um único mês. “A mãe fala que a menina não queria ir para a instituição, mas isso vem ocorrendo desde o início do ano”, informa.

ROTINA RÍGIDA

De acordo com Franklin, em momento algum, ele ficou a sós com a menina ou qualquer outro aluno da escola, já que existe uma rígida rotina obedecida no local.

Ele conta que recepcionava os alunos no portão e depois as crianças iam para o pátio acompanhadas das professoras para o café da manhã. Em seguida, as crianças vão ao banheiro, mas ele nunca entrou junto com os alunos, sempre esperando no corredor do lado de fora, o que também fazia em outras instituições em que trabalhou como a Apae e Casa da Criança.

Após o almoço, as crianças dormem e, conforme as regras da direção, em hipótese alguma os monitores podem deixar a sala. Como nem todas as crianças dormem, os profissionais fazem atividades ou conversam baixo com as que estão acordadas para não atrapalhar aquelas que estão dormindo.

Franklin acredita que as investigações vão provar a sua inocência e espera que, se realmente aconteceu violência contra a criança, que seja apontado o verdadeiro culpado e que o agressor pague da forma correta, sendo julgado pela justiça e não pela mídia.

DEFESA

O advogado que defende o monitor, Célio Ferreira, diz que não incentivava o seu cliente a se manifestar porque o processo corre em segredo de justiça para não atrapalhar as investigações, a fim de proteger a criança e os investigados e a polícia poder fazer o seu trabalho.

“Essa iniciativa partiu dele. Desde o primeiro dia, ele quis vir à rádio e se manifestar. Desde o início, ele procurou espontaneamente a polícia e se colocou à disposição do delegado. É um processo complexo. Existem muitas diligências a serem feitas para se chegar a uma conclusão. A polícia vai fazer todas as investigações e ele vai ser ouvido por último, mas a autoridade conduz do jeito que achar melhor”, esclarece.

“Nós temos que tomar muito cuidado em relação a esse caso. Hoje ele está cumprindo uma pena antecipada. Ele foi julgado nas redes sociais, sendo ameaçado e até a TV fez reportagem e o chamou de ‘monstro’. Tem muita gente para ser ouvida e muitas perícias a serem feitas e isso leva tempo. Eu peço para a população de Frutal que dê um voto de confiança primeiro à autoridade policial que está conduzindo o inquérito e ao Franklin e que aguarde o fim das investigações”, finaliza.Reportagem: Samir Alouan

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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