Em 2020, Frutal registrou uma tentativa de suicídio a cada quatro dias

É um tabu, um assunto pouco debatido, mas que está mais presente no dia a dia das pessoas do que se imagina. Prova disso é que só em 2020, 89 pessoas tentaram tirar a própria vida em Frutal, em média a cada quatro dias uma pessoa tentou se suicidar em nossa cidade.

Nos primeiros oito meses desse ano, foram registradas 34 notificações de tentativa de autoextermínio, demonstrando que o assunto precisa ser debatido não só durante o Setembro Amarelo, mas ao longo de todo o ano.

De acordo com Michele Rosa De Oliveira, assistente social que atua no CAPS Infantil e no CAPS AD, o assunto é debatido constantemente na rede municipal de saúde mental. “É que aproveitamos o Setembro Amarelo para alcançar um público que normalmente não tem o costume de refletir sobre esse assunto, mas a valorização à vida é um dos valores que defendemos, diariamente, em toda a nossa rede de assistência mental, passamos a mensagem de que nenhum problema pode ser mais importante que a nossa vida”.

Michele revela, que infelizmente, os casos de automutilação entre os pacientes do CAPS são comuns e que esse pode ser um dos indícios de que a pessoa pretende atentar contra a própria vida. “Por isso é preciso prestar atenção aos sinais, pessoas com mudanças repentinas de humor, que se isolam do mundo, podem, na verdade, estar nos enviando um pedido de ajuda”.

A assistente social ressalta que no Brasil existe algo que os especialistas definem como “cifra negra”. “Em suma, o que ocorre é uma subnotificação dos casos de tentativa de autoextermínio no país, a estimativa é que a quantidade de casos seja dez vezes maior do que realmente é notificado”.

Já a psiquiatra, Fernanda Carolina Rezende Diniz Tomaz, explica que muitas vezes fatores sociais, genéticos e ambientais podem levar a pessoa a cometer o autoextermínio. “Cada caso é um caso, cada pessoa tem o seu motivo, a sua dor, na maioria das vezes elas só querem se livrar do sofrimento. Um sofrimento que pode ser potencializado por questões de ansiedade, alcoolismo, transtornos de humor e questões ambientes, já que o meio em que a pessoa está inserida pode influenciar muito nessa decisão, por isso, é preciso tentar estabelecer relações harmônicas no ambiente familiar e de trabalho”.

A médica destaca que o suicídio é uma questão de saúde pública e atinge todos os setores da sociedade. “O suicídio é um problema de saúde em escala global que não deve ser minimizado ou relativizado. No Brasil, 32 pessoas se matam todos os dias, o suicídio ceifa a vida de muitos idosos adolescentes e povos nativos. Por isso, se você conhece alguém com ideação suicida busque ajuda de uma UBS ou um CAPS para que ela seja acompanhada por uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais”.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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