Opinião: A política entra na lavanderia e é chegada a hora de fazermos a nossa parte

Rodrigo UnisebTem repercutido nas últimas horas a informação de que uma decisão judicial tirou o médico Zanto do Hospital Frei Gabriel. Seu desligamento se deu em razão de uma condenação judicial por desvios de recursos na construção de uma escola no povoado de Água Santa ainda quando ele era prefeito de Frutal na gestão 1997-2000. Antes de expor minha opinião, quero deixar bem claro uma coisa: Zanto é um excelente médico. Sim, ele é muito bom! Já me atendeu, já atendeu minha esposa, já atendeu meus pais e meus avós quando ainda eram vivos. Ele tem o dom da medicina e isso ninguém contesta. Da mesma forma, é uma das pessoas mais bacanas de se conversar que conheço. Bom de assunto, de papo e bem humorado. Isso, ninguém tira dele. E nem vai tirar!

Mas, precisamos dissociar as coisas. O fato dele ser um médico excepcional não está acima da lei. A condenação que o afastou do hospital e de qualquer tipo de contrato com o poder público por um período de três anos, se deu em todas as instâncias: em Frutal, Belo Horizonte (TJMG) e em Brasília (STJ). Ou seja, não há mais nada o que se fazer, apenas cumprir a sentença enquanto o município devolve o dinheiro que nunca foi gasto na Escola. A decisão judicial e a recomendação do Ministério Público vêm em um momento em que a política brasileira é passada a limpo na lavanderia do Judiciário.

Sempre crescemos com a ideia de que político não vai para cadeia. A vida inteira assistimos deputados, governadores, senadores, prefeitos, vereadores e presidentes ficarem tremendamente ricos às custas do dinheiro público. E toda denúncia ia para a gaveta do Judiciário. Agora, as coisas são diferentes. Casos de 18, 20 anos atrás, estão sendo julgados e os responsáveis, punidos. Graças, um pouco, à Lava Jato que colocou deputado, senador e até a presidente na mira do Judiciário. É assim que está sendo, assim deve ser.

Há pouco mais de 20 dias muitas pessoas “comemoraram” o fato do ex-deputado Narcio Rodrigues ter ido preso devido a denúncias de desvios de verbas na construção das Cidade das Águas. E olha que isso ainda está na fase da denúncia, ainda não virou um ação judicial e muito menos tivemos uma sentença condenando ou absolvendo. Do mesmo jeito que a lei pesou contra Narcio, pesa contra Zanto.

Os pacientes que eram atendidos por Zanto no Frei Gabriel vão lamentar? Com certeza que vão. E devem mesmo! Mas é o preço a ser pago pelos políticos que não tiveram zelo com a “coisa pública”, ou seja, com o nosso dinheiro. Que essa lavanderia continue, como tem ocorrido como a condenação da ex-prefeita Ciça por fraude no Concurso Público e que outras tantas ações cíveis e criminais que tramitam contra políticos de Frutal, da região e do país possam ser solucionadas de acordo com as provas: sejam com condenações, sejam com absolvições.

E, enquanto o Judiciário não dá conta de resolver tudo que tem em mãos, que nós, eleitores, também façamos a justiça nas urnas. Acredito que estamos no momento de renovar, de inovar e de colocar pessoas novas nos postos de comando. E a oportunidade começará a partir do dia 2 de outubro, nas eleições municipais. Então, se a justiça faz a sua parte por um lado, que nós, eleitores, conscientes, façamos a nossa pelo outro lado. E não acreditemos mais em vitimização ou desculpas de quem não respeita o nosso dinheiro, que é colocado nas mãos deles pelos impostos que pagamos.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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