“A sociedade frutalense é machista e isto reflete na violência doméstica”, afirma delegado em palestra na UEMG/Frutal

0903brunoA violência contra a mulher: uma análise jurídica e contemporânea. Este foi o tema da palestra do delegado da 42ª Delegacia de Segurança Pública de Frutal, Bruno Giovannini, que responde pela Delegacia da Mulher. Ele foi o convidado do Centro Acadêmico de Direito (CAD) e da Frente Feminista da UEMG/Frutal para falar sobre a temática, na noite de ontem (8 de março), quando se comemorou o Dia Internacional da Mulher.
Para uma plateia de estudantes e professores que lotaram o anfiteatro da universidade, o delegado discorreu primeiro, sobre os aspectos técnicos da Lei Maria da Penha (lei 11340/06), explicando o que caracterizam as medidas protetivas, quais as condutas tipificadas na lei e o que ela assegura na igualdade material entre homens e mulheres.

Embora considere a Lei um grande avanço, o delegado afirmou que o índice de mulheres vítimas de agressão pelo homem ainda é muito alto, principalmente se levar em conta o número de casos que não são denunciados.

O palestrante abordou também sobre os aspectos sociais da violência doméstica e apresentou em números os dados locais. “Frutal possui cerca de mil investigações em andamento de violência doméstica contra a mulher – entre crimes de lesões corporais, vias de fato, estupro, cárcere privado, entre outros”, disse o delegado. Segundo ele, levando em consideração o número de habitantes da cidade, que não ultrapassa 57 mil, é um índice muito alto. “Se levarmos em conta as cifra negras (casos não denunciados) devemos chegar a cinco mil casos.

Com base na vivência com titular na Delegacia da Mulher, Giovannini afirmou que a sociedade frutalense, é machista, por isso as mulheres ainda continuam subjugadas aos homens. Ele apresentou alguns dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que reflete esta mesma realidade em nível nacional. De acordo com a pesquisa, 78% dos brasileiros consideram que o que acontece entre um casal em casa não interessa aos outros; 63% dos entrevistados opinaram que casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família.

Outros dados deixam ainda mais claro a visão machista dos brasileiros: 59% dos homens concordam que existem “mulheres para casar” e “mulheres para a cama” e 58% acreditam que, se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros.

De acordo com o delegado, a mulher tem um papel importante para a mudança desta realidade. E o primeiro deles é não ter medo de denunciar a violência.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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