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Crescemos, mas ainda precisamos (muito) desenvolver

Nas últimas semanas tenho refletido sobre a realidade de Frutal, em especial no que tange a evolução da cidade nos últimos 25 ou 30 anos. Não sou nenhum historiador ou filósofo (apesar de “filosofar” de vez em quando), mas acredito que todo morador da cidade que esteja aqui há mais de uma década, vez ou outra se pega pensando nisso.

A primeira grande percepção que tenho – e é nítida e notória – é que, de fato, nos desenvolvemos e crescemos. Tivemos as chegadas das indústrias, geração de emprego, aumento nas construções, a Universidade e, consequentemente, o aumento habitacional. Hoje somos algo em torno de 60 mil moradores, o que, se pegarmos no início da década de 1990, éramos algo em torno de 40 a 45 mil moradores. É um crescimento interessante e substancial e que pode ser sentido com grande facilidade por todos: basta arriscar sair de carro entre 17h30 e 18h30 para se deparar com um trânsito intenso nas principais artérias viárias da cidade: avenidas Euvaldo Lodi, JK, Brasília, Cel. Delfino Nunes e Benjamin Constant.
Se por um lado demos um salto em número de moradores, seguido pela atração de investimentos e do ensino superior, por outro, sinto que nossa cidade ainda precisa avançar em alguns aspectos. A saúde melhorou, sem dúvida, mas ainda está longe de ser aquele serviço que sonhamos: exames mais complexos ainda não são feitos por aqui, longas filas de espera para atendimento na rede pública ou particular, alguns medicamentos só se conseguem por encomenda e hoje temos uma enorme dependência do hospital Frei Gabriel, que é público. Além disso, ainda hoje é difícil encontrarmos médicos especialistas em determinadas áreas para que deem conta da alta demanda da cidade.
Outro aspecto que me chama muito a atenção é a falta que temos de um desenvolvimento cultural em Frutal: temos pessoas que lutam e “se matam” para fazer com que nossa cidade mantenha acesa a chama da cultura, mas é nítido a todos que estamos muito aquém daquilo que é o desejável. Não temos uma rotina de apresentações culturais, seja de teatro, dança, música ou outro tipo de manifestação de arte. Cinema? Depois da destruição da antiga sala do Cine Canaã, acredito que só daqui mais umas duas décadas (e pensar que lá nos idos de 1950 e 1960 a cidade contava com 3 salas para atender a 20 mil moradores). Isso para ficar no mais “básico”, porque nosso museu e a biblioteca municipal já não têm mais espaço para crescer.
No esporte, precisávamos avançar também. Por mais que haja políticas públicas para promoção de escolinhas e campeonatos amadores, aquele antigo sonho de ter uma equipe no módulo II do Campeonato Mineiro, caiu por terra. Estive, recentemente, em Votuporanga, e acompanhei de perto o envolvimento da cidade em torno da equipe daquela cidade que disputa a Série A3 do Campeonato Paulista. Assisti, no campo, uma partida da Votuporanguense contra o Mirassol e ficou bem demonstrado que uma equipe local é motivo de orgulho e envolvimento da comunidade. Por enquanto, essa também é uma realidade que vamos ficar apenas “sonhando” por mais alguns anos, especialmente depois de dispensarmos o Boa Esporte Clube.
Frutal, de fato, cresceu em vários aspectos. Mas em alguns outros, caros amigos, ainda estamos parados na década de 1990. Como uma demanda leva a outra, o aumento populacional, somado ao aumento da qualificação e formação dos nossos moradores (e visitantes), consequentemente nos leva a cobranças como essas que apontei acima nesse texto. Espero, de coração, que isso se transforme no futuro.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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