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Violência precoce

Violência em Frutal sempre foi um tema recorrente de meus escritos. Desde as primeiras colunas assinadas por mim, lá nos idos anos de 2000, sempre tive os olhos voltados para a questão da segurança pública em Frutal e, mais que isso, para o problema dos jovens envolvidos com a criminalidade.

Revendo e refletindo um pouco sobre esse trajeto que fiz até hoje no jornalismo frutalense – e também na vida acadêmica onde tenho a violência como tema central de minhas pesquisas de mestrado e doutorado – encontrei uma coluna assinada por mim e publicada em 20 de janeiro de 2006.

O tema, a violência. O assunto: a apreensão de um menor acusado de tentar estuprar três mulheres. Enfim, a notícia é velha, tem exatamente 7 anos. Mas parece que o assunto é extremamente atual. Segue, abaixo, a coluna:

Violência Precoce – 20/01/2006

A apreensão de um jovem acusado de três tentativas de estupro me causou certo espanto. O garoto foi reconhecido pelas três vítimas que não demonstraram nenhuma dúvida da autoria do crime. O fato aconteceu logo no início da semana e, de lá para cá, venho refletindo profundamente sobre o assunto. Isso porque, pelas entrevistas gravadas com o pai e familiares do acusado, aparentemente o rapaz não passa necessidade na vida. Comida, não falta. Escola, também não. Até mesmo uma bike para ele se divertir ele tem. Pela descrição feita por um entrevistado, o jovem é calmo, calado, nunca deu problema e sequer teve algum desvio de conduta na escola.
Com este perfil, dificilmente poderia se imaginar que o rapaz cometeria crimes como este. Não estou aqui para condenar ninguém.Também não estou para inocentar. Mas o que gostaria de debater é que, às vezes, o comportamento apresentado aos familiares não é condição para tornar uma pessoa incapacitada de cometer crimes. Muitos serials killers espalhados pelo mundo tinham perfis totalmente antagônicos a de um criminoso. Essa contradição é até mesmo trabalhada no filme Silêncio dos Inocentes. Hanibal Lecter, umassassino profissional, é psiquiatra, inteligente e respeitado. Porém, apresenta este desvio de conduta. Quando ele não comete homicídio, induz seus pacientes a se matarem.
Porém, o mais assustador de toda esta história é a idade do acusado. Caso seja comprovado que ele realmente foi o responsável pelas tentativas de estupro, isso mostra que crimes considerados violentos começam a fazer parte da adolescência frutalense. E de quem é a culpa? Dos pais? Aposto, sinceramente, que as más influências, companhias erradas e até mesmo a televisão (em alguns momentos) aguçam a curiosidade dos jovens a cometer este tipo de “aventura” (se é que pode se chamar um crime de aventura). A necessidade de se firmar perante aos colegas ou mesmo a vontade de sentir a adrenalina de cometer um erro pode mesmo levar os garotos (e garotas) a atos que não condizem com sua conduta. Debater este assunto, com certeza, é complicado. Isso porque estamos falando de estrutura social e de uma série de problemas que são debatidos mundialmente por cientistas, pesquisadores, políticos, sociólogos e filósofos.
Tudo bem que sou apenas um jovem jornalista, que estou começando a dar meus primeiros passos rumo à experiência de vida. Mesmo estando há 6 anos na profissão, tenho muito, mas muito mesmo a aprender neste mundo. Mesmo assim, não posso deixar de registrar aqui meu espanto por ver um rapaz tão jovem, com um futuro até mesmo mais
brilhante que o meu e de meus seis leitores, ser acusado de cometer atos assim. Espero que tenha sido algo impensado e levado apenas pela aventura e que, se ele errou mesmo, que seja punido e aprenda a lição. Se não foi ele, que supere todo esse trauma no futuro.

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Volto a qualquer momento com notas.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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