Síndrome do Pânico: O que é e como tratar – Por Paola Zapella*

O transtorno do pânico é definido como crises recorrentes de forte ansiedade ou medo. As crises de pânico são entendidas como intensas, repentinas e inesperadas que provocam nas pessoas, sensação de mal estar físico e mental juntamente a um comportamento de fuga do local onde se encontra, seja indo para um pronto socorro, seja buscando ajuda de quem está próximo.

A reação de pânico é uma reação normal quando existe uma situação que favoreça seu surgimento. Estar num local fechado onde começa um incêndio, estar afogando-se ou em qualquer situação com eminente perigo de morte, a sensação de pânico é normal.

O pânico passa a ser identificado como patológico e por isso ganha o título de transtorno do pânico quando essa mesma reação acontece sem motivo, espontaneamente. Nas situações em que a própria vida está ameaçada o organismo toma medidas que normalmente não tomaria, perdendo o medo de pequenos perigos para livrar-se de um perigo maior.

Para fugir de uma cobra podemos subir numa árvore mesmo tendo medo de altura ou fazendo esforços incomuns, sofrendo pequenos ferimentos que no momento não são percebidos.

O estado de pânico é, portanto, uma reação normal e vantajosa para a autopreservação. Aqueles que fogem mais rapidamente do perigo de morte têm mais chances de sobreviver.

Diagnóstico

O diagnóstico do transtorno do pânico possui critérios bem definidos, não podemos classificar como transtorno do pânico qualquer reação intensa de medo. Assim sendo estão qui apresentados os critérios usados para fazer este diagnóstico:

  1. Existência de vários ataques no período de semanas ou meses. Quando houve apenas um ataque é necessária a presença de significativa preocupação com a possibilidade de sofrer novos ataques ou com as consequências do primeiro ataque. Isto é demonstrado pela preocupação com doenças, intenção de ir ao médico e fazer exames, vontade de informar-se a respeito de manifestações de doenças.
  2. Dentre vários sintomas pelo menos quatro dos seguintes devem estar presentes:

– Aceleração da frequência cardíaca ou sensação de batimento desconfortável;

– Tremores finos nas mãos ou extremidades ou difusos em todo o corpo;

– Sensação de sufocação ou dificuldade de respirar;

– Sensação de desmaio iminente;

– Dor ou desconforto no peito (o que leva muitas pessoas a acharem que estão tendo um ataque cardíaco);

– Náusea ou desconforto abdominal;

– Tonteiras, instabilidade de sensação de estar com a cabeça leve, ou vazia;

– Medo de enlouquecer ou de perder o controle de si mesmo;

– Medo de morrer;

-Alterações das sensações táteis como sensação de dormências ou formigamento pelo corpo;

– Enrubescimento ou ondas de calor, calafrios pelo corpo.

3. Aproximadamente 1,5% a 2% das pessoas são afetadas por esse transtorno, o que significa uma prevalência alta, sendo ainda mais alto, de 3% a 4% se os critérios para diagnóstico não forem inteiramente preenchidos, ou melhor, se considerarmos as crises parciais e os quadros de ataques de ansiedade atípicos. As mulheres são mais afetadas do que os homens, sendo aproximadamente o dobro a incidência do transtorno do pânico sobre mulheres em relação aos homens; a proporção então é de duas mulheres para cada homem. A idade de início concentra-se em torno dos 30 anos, podendo começar durante a infância ou na velhice. A mulher de 30 anos é o grupo sobre o qual se observa maior incidência desse transtorno.

Tratamento

Os resultados mais eficazes têm sido observados quando o psicólogo trabalha em parceria com o psiquiatra, o que possibilita a combinação de psicoterapia com tratamento medicamentoso, visando o melhor benefício o paciente.

A terapia comportamental e cognitiva é um dos tratamentos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Parte do tratamento envolve a análise e o contraponto entre regras que o paciente usa para viver e as consequências dos acontecimentos. Os tratamentos do Transtorno do Pânico, considerados mais eficientes atualmente trabalham com foco em alguns objetivos:

Ensinar o paciente a reconhecer e controlar os sintomas das crises de pânico, utilizando como recursos o tratamento medicamentoso aliado a técnicas comportamentais como: controle da respiração, dessensibilização sistemática das situações que causa ansiedade ao paciente, técnicas de relaxamento;

Trabalhar para que o paciente consiga reconhecer e manejar as sensações corporais relacionadas às crises de pânico e a ansiedade antecipatória, por meio de exercícios com atenção focada nessas sensações;

Ajudar o paciente a mudar suas atitudes por meio da mudança de pensamentos e crenças irracionais, de forma a ver os problemas com maior objetividade, deixando-os, dessa forma, mais fáceis de serem resolvidos;

A indicação de esportes, caminhadas ou outro tipo de exercício físico podem auxiliar no tratamento, pois os exercícios físicos liberam endorfinas (antidepressivos naturais) que aumentam o bem estar do paciente e o deixam mais disposto para o tratamento.

Um passo importante para o início do tratamento do Transtorno do Pânico é conscientizar o paciente de que seu problema é emocional e que tem tratamento, e a colaboração da família e dos amigos é fundamental nesse momento.

O grande número de pessoas portadores de transtorno do pânico não estão onde deveriam estar: nos consultórios dos psicólogos e/ou psiquiatras. É uma multidão de pessoas que não trata adequadamente de sua doença e prolonga o próprio sofrimento.

Busque ajuda!

Paola Zapella é psicóloga, especialista em terapia de casal e família. Atende adolescentes, adultos, casais e famílias. Seu consultório fica no Edifício 3 Poderes, sala 305. O telefone de contato é o 3423-3363

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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