Opinião: a curva e a ansiedade por resolver tudo logo – Rodrigo Portari

Desde o início do período de pandemia no Brasil, em março, ouve-se dizer sobre o “pico” da doença. Primeiro era em março. Depois, em abril. Agora já dizem maio ou junho. E, com isso, gera uma nova ansiedade e abre-se brechas a oportunistas para tentarem desacreditar as medidas de isolamento em todo o país. Por que? Por uma simples falta de interpretar o gráfico que ilustra esse artigo de hoje.

Quando se colocou que o problema da Covid-19 não era tão simples, alertou-se para um possível colapso do sistema de saúde. Com taxa de internação de 5%, numa população de 200 milhões, não haveria leitos nem UTI suficiente para dar conta dessa parcela que pode(rá) sofrer de Síndrome Respiratória Grave, ou seja, precisar internar para receber oxigênio diretamente nos pulmões para não morrer.

Nesse ponto, prefeitos e governadores começaram a se antecipar. Decretaram o isolamento social, fecharam o comércio, travaram a circulação em alguns estados e municípios. Começou-se a onda da doença e acada semana o “pico” vai sendo adiado. A sensação é de que nada adiantou. Muito pelo contrário, ao se adiar o “pico” da doença é um sinal de que as medidas estão funcionando com essa parcela das pessoas que têm levado a sério a questão. Só não são mais efetivas por conta da outra parcela que acha que tudo é brincadeira, pânico ou artifício político!

O gráfico ali em cima demonstra bem como funciona: em um eixo temos as contaminações da doença. No outro, o tempo. Para “achatar” a curva, principal argumento das medidas de isolamento, precisa-se de tempo. Não é adotar a medida por 7 ou 15 dias. É por meses. Só assim então consegue-se contornar o problema. O eixo fundamental desse gráfico é o tempo não os índices de contaminação.

Quanto mais tempo isolado, menor o índice de contaminação. Quer dizer que será assim pelo resto da vida? Não. Provavelmente em junho ou julho (segundo o Governo de MG) estaremos iniciando aquele período de queda do gráfico de contaminações. E aí as coisas podem começar a, gradativamente, voltar a funcionar como queremos.

Os prognósticos mais pessimistas colocam que períodos de isolamento como esse que vivemos vão se repetir por mais 2 anos, até 2022, prazo em que se considera que efetivamente a Covid-19 deverá estar realmente controlada no mundo.

Mais uma vez, nos resta a paciência e a fé. E, acima de tudo, a boa informação. Antes estarmos informados corretamente (não precisa ser só no noticiário local ou nacional, pode navegar pelos sites internacionais também!) e compreendermos o momento em que vivemos, do que acreditar naquela mensagem encaminhada do WhatsApp onde sei lá quem que não conhecemos e nem nunca ouvimos falar tenta desacreditar o bom jornalismo e, principalmente, a ciência.

Sigamos! Boa quarta-feira!

Rodrigo Portari

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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