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O que incomoda mais: a formiga ou o elefante?

“Estão mais preocupados com uma formiga passando do que com o elefante que caiu na cabeça de Frutal”. Essa frase, dita a mim pelo advogado Renato Furtado, sintetiza bem a dinâmica dos acontecimentos na manhã do dia 29 de janeiro, quando repercutiu na cidade – e no Brasil – a tentativa de homicídio ocorrida dentro do hospital Frei Gabriel.

Na ocasião todo mundo começou a dar seus palpites e petelecos sobre o assunto, assim como já é esperado. Renato Furtado concedeu entrevista à Rádio 97FM para cobrar das autoridades de segurança pública menos discurso e mais ação, já que enquanto promessas e reuniões são feitas, o cidadão fica na linha de tiro de gangues e traficantes rivais. Justa, ponderada e certeira a afirmação de Furtado que, creio eu, falou o que muita gente pensa mas não tem um meio de comunicação eficaz para fazê-lo.
O assunto, como era de se esperar, repercutiu na cidade e também nas redes sociais. E vi pessoas ligadas às autoridades públicas apontarem críticas ao advogado. Oras… o fato dele ser criminalista não tira o direito de Furtado de cidadão frutalense, de pessoa que contribui com seus impostos e serviços para a cidade. Quer dizer que pela profissão dele ele perde o direito de cobrar de quem tem a competência para resolver o problema? E a partir daí algumas pessoas passaram a dar mais atenção para as declarações de Furtado do que tentar explicar as falhas de segurança que levaram dezenas de pacientes e funcionários ao risco de ter uma pessoa armada – e com a intenção de matar – dentro de um hospital.
Essa tentativa de desviar o foco de atenção, possivelmente, deve-se à falta de argumentos convincentes para tal acontecimento. É típico em “gestões de crises midiáticas” tentar desviar o foco de atenção a ponto de até mesmo suscitar um novo grande fato para apagar o incêndio de um evento negativo tal como foi esse para a questão de segurança do hospital. E aí sim passaram a se preocupar mais com a formiga – ou a opinião da formiga – do que com o elefante que desabou sobre nós.
Todos nós tomamos um tapa na cara com esse atentado. E eu, assim como vocês, caros leitores, não temos queremos ser reféns dessa situação. Assino embaixo as declarações de Renato Furtado. Espero, sim, mais ação do que reunião. Não quero ser refém do tráfico ou da rixa de gangues. Quero sim é ver a 4ª Cia. se transformar em batalhão, quero mais policiais nas ruas, mais investigadores na delegacia, mais delegados, mais juízes, mais estrutura para o sistema de segurança pública em Frutal.
E que os responsáveis por explicar “quem” é esse elefante e os motivos que o levaram a desabar dentro do Hospital, que o façam o mais rápido possível. É o mínimo que devem fazer em respeito aos 50 mil frutalenses que residem nesse município.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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