Fala, portari: volta as aulas

Para a galera que apoia o retorno imediato das aulas presenciais…
Sim, eu sou pai. De duas crianças. Um de 5 anos, outra de 12. Sim, reconheço que o ensino on line tem seus prejuízos na educação e vejo isso especialmente com meu filho de 5 anos, que poderia estar mais avançado na alfabetização e ficar em casa, realmente, dispersa a atenção dele para aulas e tarefas.

Sim, eu sei que os professores fazem o melhor do lado de lá. E, como professor que sou, sei que o contato cara a cara, a convivência no ambiente escolar, é insubstituível e realmente faz a diferença na questão ensino-aprendizagem.

Mas, para aqueles que estão dando chilique que querem as crianças em sala de aula ainda em fevereiro, algumas perguntas:

1) Por que não dão chilique para vacinar os professores prioritariamente, junto com a saúde? Ou você acha que o fato de criança não desenvolver (em sua maioria) sintomas da Covid significa que ela é imune? Sabia que 20 crianças numa sala significa 800 cruzamentos indiretos de risco de contágio? A criança pode não adoecer, mas pode transmitir. Isso é fato. Se você nega a ciência, então não se vacine e nem peça antibióticos quando adoecer e tampouco aceite internações ou tratamentos qualquer que seja a doença que você tiver um dia. Caso contrário, cale-se e acredite na ciência.

2) Sabe quando os professores fazem greve por salário, por melhores condições de trabalho, por ticket alimentação, por uma série de coisas? E a maioria dos pais vai pras redes criticar que professor não pode fazer greve e tem que trabalhar por amor? Então, por que vocês não usam essa mesma energia para lutar por remuneração mais justa, condições de trabalho adequado e valorização da carreira de professor? Ou só estão querendo transferir a responsabilidade da criação dos filhos para os docentes?

3) Se você não está aguentando mais seu filho em casa, o professor então é que tem que aguentar? Professor é educador no sentido de ensino de conteúdo, não de educação “de berço”.

4) Ah, mas as praias, os bares… tá… é o professor que tá levando seus filhos para as praias, os bares, etc? Então, por que ele tem que pagar o pato, arriscar a si e a família dele, porque você tá dando chilique que não aguenta mais seu filho em casa?

5) Como pai e professor, eu tenho, para mim, a seguinte situação: sei que o prejuízo de ensino existe nessa condição. E sei que as crianças terão tempo de recuperar esse prejuízo. Se lá na frente não entrar na faculdade com 17, 18 anos, que entre com 19, 20 anos. Que quando tudo se acalmar, façamos aula de reforço, conteúdos complementares, etc. O que eu não posso concordar é dizer que não existe risco de contágio nem de doença. Desculpe, achar que criança é imune é imbecilidade. E, olhem os dados de MG e do Brasil: tem morte de criança de 0, 1, 2, 3, 4, 5 anos… em todas as faixas etárias. Será que só o seu alecrim dourado vai ser abençoado de não ter nenhum tipo de agravamento num possível contágio?

6) Ah, antes que eu me esqueça… “mas os pediatras soltaram uma nota…”. Ok. Respeito os pediatras. Conheço vários com quem tenho até amizade pessoal. Mas, sinceramente, depois que vi médico acreditando em tratamentos sem eficácia nenhuma, só me leva a conclusão que o interesse de PARTE dos pediatras é econômico. As crianças em casa adoeceram bem menos do que na escola (falo de experiência). Talvez isso seja um ponto a se refletir.

#prontofalei #acreditenaciencia #tudopassa

“Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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