Com crianças em casa, pediatra do João XXIII alerta para risco de acidentes

Na pandemia, as casas se tornaram abrigo para as famílias se resguardarem do risco de contaminação. Escolas e comércios fecharam e a circulação de pessoas diminuiu consideravelmente. Até mesmo os atendimentos pediátricos caíram, em uma época de maior incidência de infecções respiratórias, consequência do afastamento das crianças e jovens das escolas e de outros locais de convívio social. Porém, os números de casos na urgência pediátrica do Hospital João XXIII, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), destoam do cenário. 

“O confinamento não foi um fator protetor como poderíamos esperar. Alguns acidentes, como ingestão de corpos estranhos, foram mais frequentes em 2020”, analisa o coordenador da Pediatria da unidade em Belo Horizonte, André Marinho. O termo “corpo estranho” se refere a qualquer objeto ou substância ingerido ou colocado pela criança nas narinas ou nos ouvidos. Eles podem ainda apresentar um risco maior quando são aspirados para o pulmão. 

Maior agitação

O atendimento a esses casos representou 25% do total na Pediatria, sendo, portanto, o mais comum nesse ano. Com o longo período dentro de casa, as crianças tendem a ficar mais agitadas e situações corriqueiras podem se transformar em acidentes. Os pequenos começam a explorar novos lugares no ambiente e a mexer em tudo o que alcançam. 

Entre os casos mais atendidos no Hospital João XXIII estão quedas (de camas, sofás, lajes, escadas, bicicleta etc), acidentes com animais peçonhentos, intoxicações diversas (produtos de limpeza, por exemplo) e queimaduras (principalmente agora que o álcool líquido voltou a circular como agente de prevenção à pandemia).

O acidente pode ser evitado, mesmo que seja impossível a vigilância dos pais por 24 horas. “Acidente pode não ser fatalidade, há prevenção. Deve se investir em práticas e ambientes seguros, rotinas de cuidado, direcionar o acesso dentro de casa para diminuir o risco. Conhecer o perigo e orientar as crianças é tão fundamental quanto o acompanhamento das imunizações, da alimentação e do crescimento”, afirma o pediatra André Marinho.

Pediatria 

A equipe de pediatria do trauma no Hospital João XXIII é referência na assistência em nível estadual e reconhecida em todo o país. O coordenador ainda acrescenta que o médico pediatra é um agente na promoção da saúde infantojuvenil. “Criar culturas de segurança infantil é uma necessidade que precisamos multiplicar”, conclui.

Brincar é um direito da criança, garantido pela Constituição Federal. É por meio da brincadeira que ela aprende, experimenta o mundo, possibilidades, relações sociais, elabora sua autonomia de ação e organiza suas emoções. Para garantir que brincadeira seja sempre sinônimo de alegria, é preciso que a segurança esteja em primeiro lugar.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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