Cinema em Frutal: um sonho difícil e distante de se realizar

Frutal merece um cinema? Sim, merece. Frutal tem população para ter uma sala de cinema? Sim, tem, já vi cidades do tamanho da nossa no estado de SP que têm uma sala. Uma sala de cinema sobreviveria em Frutal? Duvido, e chego a ser radical de dizer, com todas as letras, que NÃO. E explico.

Não é de hoje que muito se briga e se fala sobre a necessidade de mais essa opção de lazer e cultura para nossa cidade. Principalmente depois da instalação e crescimento da UEMG, foi quase que natural que alunos vindos de cidades de outros estados estranhassem a falta de um “cineminha” na cidade. Mas, infelizmente, hoje acredito que estamos muito longe de conseguir uma sala para que possamos vibrar com as produções cinematográficas do mundo. E explico.

Para começar, não temos mais sala de exibição. O extinto Cine Canaã foi totalmente demolido, restando apenas aquele cômodo comercial onde, antigamente, funcionava sua bilheteria e recepção, com pipoca, bala e tudo mais para se comprar antes de entrar na sala. De cara precisaríamos de um investidor – ou um grupo de investidores – que dispusessem a bancar aí uns R$400 mil para construir uma sala de exibição com toda a estrutura necessária: tela, poltrona, ar condicionado, sistema de som, projetor, tela, etc. etc. etc. Só por aí, já acho uma primeira dificuldade muito grande de se superar.

Em segundo lugar, não dá nem para imaginar Frutal entrando de cara no circuito internacional de lançamentos de filmes. O que quer dizer isso? Que grandes produções estreariam primeiro em São José do Rio Preto (SP) e Barretos (SP) no mínimo uns 20 dias antes de chegar nas telas frutalenses. Os mais afoitos acabariam indo para essas cidades ou baixando cópias piratas filmadas de celular para assistir em casa, e ainda reclamariam da demora para que as produções desembarcassem por aqui. Porém, mais do que lazer, as produtoras de filmes querem lucros, e só destinam os principais lançamentos onde há maior número de pessoas que irá resultar em ganhos de bilheteria que, somados, pagam a produção e ainda fazem os filmes entrarem em ranking de disputas por todo o mundo.

Ainda que se superasse essa situação, teríamos que contar com a assiduidade e educação do público na sala de cinema. E, confesso, temo que os primeiros dias fossem um grande sucesso de plateia, mas que depois de uns 90 dias apenas os mesmos “gatos pingados” surgissem na sala para apreciar os filmes.

Todo esse quadro trágico marcou o último ciclo do Cine Canaã em Frutal. A mim – e aos milhares que tiveram o prazer de frequentar a sua sala – restou apenas a saudade. E a expectativa que nossa cidade possa superar todos esses “poréns” para que tenhamos a sétima arte de volta em nossa programação de final de semana.

rf2015d

 

jm

Comments

comments

rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

%d blogueiros gostam disto: