Cai, não cai, talvez cai… não, não sei não!

Rodrigo UnisebO Brasil está em polvorosa desde o começo do ano, mas com as notícias da semana passada da rejeição das contas de Dilma Rousseff no primeiro mandato, o assunto impeachment passou a dominar boa parte das discussões nas ruas, bares, barbeiros e, claro, no grande palco que são as redes sociais. A Dilma cai ou não cai? Vai cair, atestam uns. Não cai de jeito maneira, afirmam outros.
No meio desse vai e vem, eis que Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, paladino da luta contra a corrupção, também mostra que tem “esqueletos no armário”. E aí… um silêncio ensurdecedor por parte de alguns defensores do impeachment. Some-se a isso, algumas declarações do deputado, tais como: “se eu derrubar a Dilma, no outro dia vocês me derrubam”. Ah, para apimentar um pouco mais esse quadro, o Supremo Tribunal Federal despacha três decisões liminares proibindo Eduardo Cunha de fazer manobras “legais” dentro da Câmara para colocar o impeachment em votação.
Desse jeito todo, não podemos dizer que o Brasil não está movimentado. No entanto, essa movimentação é extremamente negativa, degradante e coloca à exposição as chagas da política brasileira. Confesso que não vi com nenhuma surpresa as acusações de propina, corrupção ou pedaladas fiscais. Muito menos me fiz de “surpreendido” ao ver nomes de deputados, ministros & cia. Ilimitada envolvidos com uma série de crimes contra o povo brasileiro. E, o pior de tudo, crimes cometidos com o meu rico e suado dinheiro, que labuto de sol a sol para conseguir.
Mais do que derrubar ou não a presidente Dilma Rousseff, o Brasil precisa passar por uma verdadeira faxina moral. A classe política perdeu a credibilidade, não sabemos mais em quem acreditar o confiar e, lá fora, os observadores internacionais e embaixadores, assistem com ar de reprovação essa verdadeira lambança na qual o Brasil está metido. Confesso que possivelmente nunca estivemos tão desmoralizados lá fora como estamos por agora. Nem no futebol estamos salvando… talvez ainda nos reste algum Michel Teló ou Luan Santana para fazer as “honras” dos tupiniquins lá no exterior. E só!
Se me perguntarem se sou a favor ou contra a cassação de Dilma, confesso que não sei responder. Não concordo com o que está acontecendo, bem como não vejo perspectiva nenhuma de melhoria caso ela caia e outro assuma em seu lugar. Seja Michel Temer, seja qualquer outro, estaremos engatinhando – e muito lentamente – em um possível processo de recuperação moral da política brasileira. Apesar de novo, de estar apenas com 32 anos, acredito que há tempos não via uma instabilidade tão gigante como a que estamos vivendo agora. O final dessa história… bem, vou recorrer ao grande poeta Vinicíus de Moraes e sua parceria com Toquinho para responder:
“Nessa estrada, não nos cabe, conhecer ou ver, o que virá / O fim dela, ninguém sabe, bem ao certo, onde vai dar / Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim… descolorirá”…
Até a próxima!

rf2015d

jarbinhas

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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