Modos de fazer jornalismo: o tradicional e o independente

0910cynaraDuas formas de fazer jornalismo. De um lado, do modo convencional em papel impresso em um dos jornais mais lidos do país – a Folha de S. Paulo. Do outro lado, o jornalismo alternativo, feito no blog Socialista Morena, que tem como uma única fonte de renda, o leitor.
Estes dois caminhos se cruzaram na noite de quinta-feira (8), no II Simpósio de Comunicação Social da Unidade Frutal da UEMG.
O jornalista Marcelo Toledo, 37 anos, foi o primeiro palestrante. Ele é correspondente em Ribeirão Preto (SP). Graduado em jornalismo pela Universidade de Franca e pós-graduado em história, língua portuguesa e gestão pública, está na Folha desde 1999. Foi repórter, editor-assistente e atualmente é editor na Sucursal de Ribeirão Preto.
Ele defendeu a isenção da Folha, mesmo tendo como anunciantes as grandes corporações e o Poder Público nas suas três esferas. Deu alguns exemplos neste sentido, ao citar o escândalo do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), quando o jornal publicou uma reportagem ampla e acompanhou todo o desenrolar do caso, mesmo sendo do Grupo Folha uma das gráficas responsáveis pela impressão das provas .
Ao público presente, a maioria alunos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, Toledo deu inúmeras dicas para a prática a boa reportagem embasada na investigação, na apuração isenta dos fatos e no comprometimento com a verdade.
A jornalista Cynara Menezes, 49 anos, que já trabalhou na Folha de São Paulo, Estadão, IstoÉ, Veja, Vip e Carta Capital, palestrou em seguida sobre o jornalismo independente. Com a criação do blog Socialista Morena, ela vive esta experiência jornalística exclusivamente online. Quando assumiu esse desafio, Cynara publicou em sua página no Facebook, era uma opção que lhe permitiria ser pauteira e editora de si mesmo, escrevendo apenas sobre os temas que ela considerava interessante. “Agora Imaginem: fazer jornalismo independente, direto ao leitor, sem atravessadores. De mim para vocês. Não é fascinante?”.
Na palestra na Unidade Frutal da UEMG, Cynara mostrou-se convicta e firme no seu projeto. Para isso, ela tem um plano comercial. Nele, os leitores poderão fazer assinaturas mensal ou anual do blog, ou ainda colaborar através de doações via Paypal (pagamentos online) ou participar de futuros projetos de crowdfunding (financiamento coletivo ou “vaquinha virtual” é uma forma inovadora de fundos pela internet).
De acordo com Cynara, o retorno financeiro ainda é pequeno, mas independente disto, ela defende que o jornalismo realmente independente não pode ter com base de sustentação econômica o dinheiro público. E na busca deste ideal, ela já é considerada como uma das principais formadoras de opinião política nas redes sociais
Cynara não esconde que seu blog tem uma posição assumida esquerdista. “Queria fazer mesmo uma coisa com viés ideológico assumido. Nada vinculado a governos, mas que tivesse uma posição clara. Mas além do conteúdo jornalístico, o blog também tem bastante literatura e outros tipos de informação”.
No blog, a jornalista não tem só o retorno do público, mas interage, debate, provoca e exclui. Sim, ela admite que exclui seguidores. A única condição para que isso aconteça é se algum leitor ofender ou causar violência em seus comentários.
O II Simpósio de Comunicação encerra nesta sexta-feira (9), com a palestra do presidente da Bombril, Marcos Scaldelai, que vai abordar o conteúdo de seu livro “99.9% não é 100%”. Também na programação de encerramento, o redator da Agência JWT, Guilherme Nesti vai abordar o tema: “O que eu tenho que saber para entrar em uma grande agência”. A suas palestras acontecem no anfiteatro da UEMG e são abertas ao público.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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