Tempo ou percurso? Passagem ou Travessia?
O tempo ou o percurso? O que é mais importante na trajetória? Há, claro, muitas respostas para essas duas perguntas. E a partir do ponto de vista de cada um, teremos uma perspectiva diferente. Para um piloto de Fórmula 1, o tempo é essencial: um milésimo de segundo conquistado naquela curva mais fechada pode dar a vitória para ele. Para quem se dispõe a percorrer o caminho de Santiago de Compostela, é o percurso que vai fazer a sua transformação.
Para um professor que leciona em várias turmas diferentes, o tempo de cada hora-aula é essencial para ensinar. Para quem produz uma tese, o percurso da pesquisa é mais importante do que o tempo de sua conclusão.
Uma borboleta a polinizar jardins em uma cidade deve considerar o seu percurso mais importante que o tempo. Nunca vi borboleta olhando um cronômetro para marcar quantos minutos leva de um quintal ao outro. Para a flor que precisa ser polinizada, o tempo é importante para que possa se fecundar, nascer, crescer e oferecer seu pólen a outras flores de outros jardins.
Em tudo há um ponto de vista relativo, um ponto de vista contrário ou que pode te fazer enxergar sob novas perspectivas um mesmo fato, acontecimento ou situação. Vivemos isso diariamente e, sem nos darmos conta, aceleramos nossas vidas preocupados com o tempo e, muitas vezes, sem enxergar o percurso.
Nessa trajetória da vida, temos que também enxergar qual caminho estamos traçando e percorrendo. E sabermos se estamos aqui de passagem ou de travessia. A passagem, como certa vez um querido professor português me ilustrou, é mais calma, não pressupõe mudanças. A travessia é mais violenta, te modifica, te transforma e te leva a uma redenção final.
Olhando, assim, arrisco a dizer: tempo é passagem. Percurso é travessia. Que possamos refletir e compreender qual a importância daremos a um e a outro. E vivamos. E sonhemos. Pois a única certeza concreta é o fim.
Bom sábado a todos!
