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BONDADE – Prof. Zé Luíz

O professor e secretário de educação José Luiz escreveu um interessante artigo em sua coluna dessa semana no Jornal Pontal. Compartilho o texto com vocês:

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A bondade deve ser inocente, sem malícias, sem segundas intenções. Falo de uma bondade genuína, aquela que independe das aparências, que não se preocupa com o que pensam ou falam. Tem quem usa uma bondade social, meia boca, feita no ponto para as opiniões alheias, para que vejam e proclamem o quanto são do bem, como são pessoas caridosas.
Quem é bom de fato você nota no olhar, no tom da palavra que profere, nas ações que pratica. É bom em casa, na sala, na cozinha, no banheiro, na convivência com os amigos, com os filhos e, até mesmo, com supostos inimigos. Há quem tenta abraçar o mundo, faz doações generosas, frequenta as sessões religiosas, sempre em posições que possibilitem a visão privilegiada de seu umbigo abismal, porém nega um mero aperto de mão ao mais próximo, ignora o jardineiro, passa feito estátua diante do gari, trata mal o garçom. Primeiro, é de bom alvitre ter a fonte abastecida para depois se arvorar a empanturrar a dos outros. Não dá certo pregarmos uma caridade exibida, narcisista, se dentro de nós mora um coração rancoroso, machucado pelos preconceitos, contaminado por ressentimentos. Não tem quem não conheça gente que é um doce às vistas do coletivo, mas em casa é fel, é cruel. Tem gente que sente vergonha de pai, de mãe, de mulher, de marido, que não se conforma com a condição econômica, mas tenta a todo custo plantar uma imagem social de autoconfiança e polidez. Isso beira ao asco: personalidades emocionalmente miseráveis, almas fragilizadas, que buscam, com pitadas de sordidez, um status fugaz e superficial.
É preciso empenho para atingir essa bondade genuína. Exige muito vencer os fantasmas interiores, superar nossos ímpetos de inveja, ciúme, vaidade, etc. Definitivamente não é tarefa fácil. Assim como a hipocrisia, a autoestima e a ambição, a bondade pode ser medida em níveis. Todo mundo tem, ou tenta ter, mas há uma enorme variação em grau e intensidade, de acordo com a qualidade do ser. Só a humildade permite algum avanço nesse componente tão importante na formação do ser humano. Ninguém pode fazer por nós.
Nossas vaidades merecem ser pisadas todos os dias e colocadas em seu devido lugar, para que não se tornem maiores que nós. Os bons, de fato, não veem qualidade nas vestes, mas sim no que há por detrás delas; não observam a cor dos olhos, mas o jeito de olhar.
É isso aí!

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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