ENTÃO, É NATAL – Por Lausamar Humberto*

O Natal me comove. Sei que pode parecer piegas, mas a época natalina é algo que mexe profundamente comigo. Há toda uma teia sentimental que envolve essa data e que nos faz ter boas lembranças e grandes expectativas. Assim como o inverno tem o poder de, forçosamente, tornar as pessoas mais elegantes, o Natal torna, mesmo que por curto espaço de tempo, as pessoas mais agradáveis.

          Gosto do clima que envolve o Natal: a árvore, as luzes, o papai-noel, os cartões com suas mensagens bonitas, otimistas e edificantes, a troca de presentes, as visitas que fazemos e recebemos, a demonstração de uma fé generosa. É uma época de esperança, sobretudo. Acreditamos que seremos melhores e que o mundo será melhor também.

          A nossa infância é marcada pelos natais. Sempre houve, e sempre haverá no meio cultural que nos rodeia, uma grande celebração natalina. As revistas, o cinema, a literatura e principalmente a televisão embarcam nesta mística e nos proporcionam momentos que guardaremos pelo resto de nossas vidas. Quem não se lembrará dos especiais de natal dos seus personagens preferidos nas histórias em quadrinhos ou nos desenhos animados? Do encanto dos filmes da Disney com temática natalina?

          Enquanto somos pirralhos, o Natal só nos dá a alegria do presente ganho ou o sonho com o presente desejado. Também nos alegram os irmãos, primos, tios, avós e amigos que se encontram reunidos. Só um pouco mais crescidos podemos notar com nitidez o maior grau de amabilidade que cerca as relações entre as pessoas nessa época do ano.

          Apesar de sempre bem-vindo, o Natal não deixa de trazer algumas angústias. Todo ano, o que torna isto quase um lugar comum, a tevê mostra matérias em que crianças pobres de rincões do país ou mesmo das grandes cidades recebem presentes doados ou por entidades assistenciais, ou por empresas, ou por particulares. É impossível conter o arrepio que percorre o corpo ao ver o sorriso destas crianças, tão contentes com algo tão simples e barato. Saber que estes pequenos sentirão enorme gratidão, mesmo que seja a gratidão fugaz que só as crianças sabem sentir sem que com isso tornem menos puras suas almas, por algo que é um direito, é sempre comovente e desconfortável.

*Lausamar Humberto é advogado, professor, poeta e escritor.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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