Análise de esgoto aponta queda no número de infectados por covid-19 em BH e Contagem

Por três semanas consecutivas, amostras apresentam redução da carga viral, sinalizando para possível estabilidade do contágio nas duas cidades

Embora o número de contaminados pelo novo coronavírus esteja elevado em Belo Horizonte, o projeto-piloto Monitoramento Covid-19 Esgotos registrou a menor estimativa de população infectada na capital e em parte de Contagem.  Em BH, onde já houve uma projeção de cerca de 830 mil contaminados, a estimativa de infectados caiu para o patamar de 170 mil pessoas, representando a melhor situação para a cidade desde junho.
A melhora significativa das análises de esgoto das bacias sanitárias dos ribeirões Arrudas e do Onça, que recebem efluentes da cidade de BH, está no 12° boletim do projeto, divulgado na sexta-feira (21/8), com dados referentes à semana epidemiológica 33, entre os dias 10 e 14 de agosto.
Os resultados sugerem, de acordo com os técnicos, que o pior momento da “curva epidêmica de Belo Horizonte ocorreu entre as semanas epidemiológicas 23 e 31”, entre os dias 29 de junho a 31 de julho. Na mesma época, em Contagem, havia cerca de 80 mil pessoas infectadas. As últimas análises mostram que houve uma redução de 50%, chegando a 40 mil contaminados pelo vírus.
Cautela
“É preciso analisar esses dados com cautela. Apesar da queda, eles apontam que há uma indicação de estabilidade na transmissão. Isso poderá ser confirmado nas próximas semanas”, comenta o superintendente de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), Filipe Curzio Laguardia.
Segundo a diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Melo, o objetivo da pesquisa foi de “estabelecer um instrumento de vigilância epidemiológica e tem se consolidado como tal. O monitoramento permite quantificar o número de pessoas infectadas, sintomáticas ou não. A efetividade do projeto tem sido demonstrada com a aderência dos resultados com a curva de infectados. Nos últimos boletins já se indica uma tendência de queda na estimativa de infectados”.
Desde o início do monitoramento, em 13 de abril, os estudos vêm verificando uma evolução da carga viral no esgoto. De acordo com a coordenadora do projeto e professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Juliana Calabria Denise, houve um aumento expressivo nas semanas 27 (entre os dias 29 de junho e 3 de julho), na qual foram estimados cerca de 500 mil infectados na BH.
“Esse número se manteve e, na semana epidemiológica 30 (entre os dias 20 e 24 de julho), estimamos que havia 827 mil pessoas contaminadas. Nas últimas três semanas, a carga viral vem diminuindo e a estimativa é de que haja menos de 200 mil infectados”, avalia, enfatizando ser, ainda, um número alto. “O vírus continua circulando. Para que haja uma redução sustentável, o comportamento da população é fundamental”, reforça Juliana, lembrando de ser indispensável o distanciamento social, o uso de máscaras e medidas de higiene.
Auxílio aos gestores
O projeto-piloto Monitoramento Covid-19 Esgotos é feito semanalmente em 24 pontos de amostragem, localizados em 17 sub-bacias de esgotamento. O levantamento, segundo destaca Laguardia, é mais um auxílio aos gestores nas tomadas de decisão para o controle da pandemia em Minas.
Trata-se de uma iniciativa conjunta da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis/UFMG), em parceria com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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