Etc&Tal – 12/07/1999

“O que caracteriza uma pessoa inteligente é o seu bom senso, coerência e lógica”. A frase, expressa na noite da quinta-feira, pelo professor Antônio Nunes Fernandes serviu para este colunista como uma espécie de ponto final em sua participação na acalorada discussão em torno do Centro Regional de Ensino Profissionalizante.
Exasperado com o que taxava de radicalismo de um grupo e de irredutibilidade do outro, já me preparava para perder a boa e iria colocar meu sangue calabrês (quase sempre em ponto de ebulição) para agir sobre a razão, quando, de repente, essa frase chegou sorrateiramente ao meu ouvido. Com sua pose fleumática de um inglês, suspensório elegante e óculos de intelectual, o professor Antonio fez com que eu virasse a cabeça repentinamente para seu lado. E me contive de fazer uma besteira entre os amigos que tinha de lado a lado.
Senti que precisava ser um aliado do professor para acalmar os ânimos. E que seria errado envolver-me de forma passional no assunto. Se outras pessoas ouviram a frase, ou não, é muito difícil dizer. Talvez não. Porque se tivessem prestado atenção nas palavras do professor, esqueceriam a mágoa da profunda decepção com a notícia que acabavam de ouvir da boca do chefe-de-gabinete Pedro Borges, de que não existe, nas pastas do Programa de Expansão da Educação Profissional – Proep – em Brasília, nada referente ao CREP de Frutal.
A frustração foi total. E, confesso, também minha. Afinal, em 1993, ao lado do Toninho Borges, vi o então prefeito Toninho Heitor, escrever, de próprio punho, o nome de Frutal, numa lista de municípios candidatos a sediar uma escola profissionalizante com essas características. Depois, encampei essa luta pelo CREP junto ao governo federal, que o deputado Narcio Rodrigues vem intentando há mais de três anos. Acompanhei o vereador Ronaldo Wilson, a professora Maria José Lacerda da Mata, vários vereadores e tantos líderes abnegados, como Sebastião Ribeiro, Armando e Ildebrando Miranda, entre outros, em viagens de centenas de quilômetros, na busca da realização desse sonho.
Participei de uma reunião, quinta-feira, 1º de julho, no gabinete do prefeito Zanto, onde a palavra de ordem era evitar radicalismos, colocar os pés nos chãos e tomar a atitude mais coerente. Afinal, se o grupo que compõe a Agência de Desenvolvimento do Pontal defende a necessidade de doação da área de 8 alqueires, às margens da BR-364 (onde seria instalado o Distrito Industrial) para a instalação do CREP. E participei da reunião nervosa desta quinta-feira.
Entendo a surpresa, o desapontamento e o sentimento de traição que devem ter acometido a todos os presentes. Afinal, com exceção de Pedro Borges e de Robevaldo Faria, ninguém mais sabia do conteúdo daquela pesquisa feita em Brasília. Algumas pessoas, cansadas de tantas horas de viagem, de tantas reuniões e de tantas salas de espera, colocaram para fora toda a sua amargura.
Mas, amargura não resolve o problema. Atacar Pedro Borges (um dos maiores defensores do Crep dentro da Administração) é agir como aquele marido traído que, comunicado do fato por um amigo, ao invés de investigar os passos da mulher, prefere brigar com o amigo. Perder a amizade.
Pouco depois da frase do professor Antonio, fiz uma sugestão, que foi prontamente repelida: “Vamos formar uma comissão, com dois vereadores, dois membros da Administração, duas pessoas do grupo mobilizado em favor do Crep e viajamos para Brasília. Ali, com a cobertura do deputado Narcio Rodrigues – que é irrefutável – vamos ao Proep, ao Denacoop e vamos resolver de vez esse impasse”.
Afinal, o próprio vereador Ronaldo Wilson afirmou, durante a reunião, que o processo de reconhecimento do curso de Economia, da Faculdade local, ficou quatro anos emperrado, sumido nas gavetas do Ministério da Educação. Narcio foi ao MEC acompanhando Ronaldo e outros… em dez minutos encontraram o processo e a faculdade foi reconhecida.
Que tal tentarmos o mesmo com o Crep? A sugestão continua à disposição da comunidade. E também o Corsinha da minha mulher, para a gente viajar até Brasília. Ou vamos trocar o bom senso pela briga?

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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