Lazer: Volta ao mundo em 80 aeroportos

05/11/2005 – Comecei uma ideia para me distrair (você não leu errado, estou dizendo 2005).

22/04/2020 – Sabe aquelas ideias que você tem um dia na vida, coloca numa caixinha, e depois de alguns anos resolve retomá-las?

Então, para distrair algumas horas dessa quarentena, resolvi retomar. Parte da culpa é do meu irmão Sérgio Portari, que me disponibilizou a ferramenta para isso.

Para minha felicidade, eu fiz o relato da primeira parte (de 80) dessa ideia de distração. E achei o texto agora, quase 15 anos depois. Então, vou reproduzir abaixo exatamente como escrevi à época (inclusive, me apresentando com meus 22 anos!). E, agora, conforme for conseguindo, vou retomar a diversão e o diário… Paciência para quem ler… Porque é textão!

05/11/2005 – 08:20 P.M

Olá caro navegante! Bem vindo à aventura da volta ao mundo em 80 dias à bordo de um Learjet 45. A viagem, fictícia, está sendo realizada a bordo de um avião no jogo Flight Simulator, da Mircrosoft. Sempre gostei de jogo de avião e, quando comecei a me entediar sobre ficar levantando e pousando de um aeroporto a outro, eis que me surgiu a idéia de dar essa volta ao mundo. Ao mesmo tempo em que vou divertindo, vou vendo os cenários do jogo e testando minhas habilidades como pretenso piloto de Learjet.

Para começar, apresento-me: meu nome é Rodrigo Portari e sou jornalista da cidade de Frutal-MG (750km de BH, 70KM de Barretos (SP). Tenho 22 anos, sou formado em Comunicação Social, pós-graduando em Comunicação e Multimídia, estou tentando um mestrado e atualmente sou editor do jornal Pontal do Triângulo, aqui da minha cidade.

Sempre fui um aficcionado por games, seja no vídeo-game (que comecei na era do Atari) ou computadores (que comecei num antigo CP-500). Jogos de avião sempre me fascinaram e a primeira experiência que tive com o Flight Simulator foi na versão 98. De lá para cá, vim acompanhando a evolução do game. Bom, sem mais delongas, vamos ao diário de bordo! Boa Viagem!!!

Dia 1

Cheguei ao Rio de Janeiro de carona com meu irmão Sérgio. Como minha cidade é pequena e não tem aeroporto, decidi que a Cidade Maravilhosa seria um ótimo ponto de partida para essa aventura. Brevê na mão e muita coragem para encarar desafios, encosto o carro e tiro minha única bagagem nessa aventura tresloucada: uma mala de mão com algumas mudas de roupa, escova de dentes azul, dois tubos de creme dental, sabonete, toalha verde, alguns tabletes de cereal desidratado para o caso de ter fome no ar e um aparelho celular GSM.

Para começar a viagem, tive que juntar uma boa grana durante bom tempo. Isso porque fretar um Learjet 45 por 80 dias custa caro, muito caro. Ainda mais com a responsabilidade de, sozinho, guiar a aeronave. Foram meses de insistência com a empresa proprietária do aparelho voador para que eu conseguisse meu intento. Fui até obrigado a fazer um seguro de vida e um seguro para a aeronave. Mas esses empecilhos não me incomodam mais.

Entro pelo aeroporto Antônio Carlos Jobim. Vou apreciando o desfile de pessoas que, de lá para cá, se fazem de apressados ou atrasados. Uma senhora de roupa preta passa por mim e esbarra em minha mochila. Rapidamente se desculpa pelo infortúnio e continua sua caminhada. Tudo bem, para mim tudo é festa.

Me dirijo ao hangar onde meu Learjet devidamente preparado me espera. Pedi para que enchessem até à boca o tanque. Meu primeiro destino, Recife. Sim, nada melhor do que começar uma volta ao mundo passando pelo nordeste brasileiro. Pelo meu plano de vôo, antes de sair do país terei que passar por três capitais. Minha intenção é pousar apenas em aeroportos internacionais.

Olho para o relógio em meu pulso. São 8hrs. Dirijo-me ao responsável pelo hangar e me apresento:

– Bom dia! Gostaria de saber se meu jato já está pronto…. – pergunta com certa timidez.

Após ouvir as últimas recomendações, pego a chave, dou um forte abraço em meu irmão (que alguns dias depois também embarcou em uma aventura parecida, mas isso é assunto para outra hora) e me despeço. Hora de começar a caminhada, ou melhor, a “voada”.

Subo a bordo do LearJet. Ajeito-me pacientemente no banco, giro a chave e inicio os procedimentos necessários para funcionar o “bichinho”. Adoro ouvir as turbinas sendo ligadas. O som me dá uma sensação de paz infinita. Meus pensamentos vão voando conforme o barulho vai aumentando.

Faço meu primeiro contato com a torre de comando. Peço permissão para taxiar até à pista. Recebo a instrução para esperar que um Boeing da Varig pouse. Minutos depois já estava posicionado na cabeceira da pista. Marcos, o rapaz da Torre de comando, ao saber de minha aventura, me deseja boa sorte antes de dar a autorização para alçar vôo. Agradeço a recomendação e faço votos de que, daqui a exatos 80 dias, eu esteja aterrando ali novamente.

Começo com o pé direito minha aventura. O dia está lindo e, nos primeiros segundos após sentir que as rodas do meu LearJet já deixaram o chão, recebo a instrução para contactar a freqüência de saídas do aeroporto. Olho para o lado e vejo o Cristo Redentor, imponente, abençoando a cidade maravilhosa. Aceno, sozinho, para o Cristo e peço proteção nesses dias que passarei entre um aeroporto e outro.

Recebo mais instruções no rádio. É para contactar a torre central de Brasília, que me guiará meus instrumentos durante a viagem até Recife. O vôo transcorre normalmente. Não posso deixar de ressaltar a beleza do recorte do litoral brasileiro. Fico extasiado com a beleza do nordeste brasileiro enquanto tenho que iniciar o procedimento de descida.

Primeiro pouso: perfeito. O vento ajudou e tudo correu perfeitamente bem. Chego à capital cearense… Recife… após mais de 3 longas horas de vôo chego ao primeiro destino. Após taxiar e deixar o Learjet para reabastecimento e manutenção, preencho o checklist e resolvo dar uma volta para curtir o resto do dia.

No aeroporto, enquanto tomava um café expresso, conto meu plano para o dono do Café do Ponto. Ele acha o máximo a ideia e me deixa ir sem pagar a conta. Dia cansativo e de muitas emoções. Antes de ir dormir, ligo em casa e dou notícias do primeiro dia de viagem. Tudo bem, graças a Deus. Vou para um hotel ali mesmo no aeroporto. Antes de dormir, só consigo pensar no meu próximo destino: Manaus!

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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