Na modernização, mais um pedaço da história ao chão

Domingo, pede cachimbo. Domingo, dia quente, de chuva de verão que atrapalha os planos da tarde, mas que por alguns momentos acalmam o calor de Frutal. Domingo, dia 19. No peso da marreta, o barulho. Com o barulho, o cimento e o tijolo vão ao chão. Eles não sabem o que acontecem. Não têm noção de que ao cair na laje ou na calçada, levam junto com eles uma história de quase 57 anos (que seriam completados no próximo 21 de abril).

Esse é o sentimento ao percorrer a linha do tempo do Facebook e deparar com o registro do amigo Wilson Pacheco Jr., que ilustra essa postagem. Para alguns, uma necessária revitalização do centro da cidade. Para os mais saudosistas ou ligados à história de Frutal, é ver os estúdios da primeira rádio de Frutal, a Sociedade Rádio Frutal LTDA., ir para o chão. E com ele, mais um pedaço da história da cidade ir desabando aos poucos.

Talvez hoje, em 2020, poucos saibam que ali foram os estúdios da rádio, inaugurada em 21/4/1963 que tinha como seu fundador o saudoso José Buzollo. A rádio, hoje, é apenas uma frequência de chiados nos rádios que ainda insistem em sintonizar o AM. Mas, para quem gosta da história de Frutal é ver (mais) um pedacinho de sua história indo chão abaixo.

Que os registros fiquem. Pelo menos, um dia, para contar a meus filhos e netos.

Para os que não conhecem a história da Rádio Frutal AM, sugiro a leitura desse livro da jornalista Zilma de Oliveira, que tive o prazer de atuar como orientador. Só clicar aqui.

P.S: Não sei qual vai ser o destino do bar Society, que está ali, fechado, bem abaixo dos estúdios. Mas, se for ao chão também, teremos boas histórias para contar desse local. Como, por exemplo, o fato de que por anos ele sequer teve portas, porque nunca fechava. E quantos boêmios, bêbados e poetas não se reuniram ali nas madrugadas frutalenses? Ou no amanhecer, para uma xícara de café. Enfim, registros que ficam apenas em palavras, algumas fotos e boas memórias (até que um dia todos nós vejamos nossas luzes se apagar). Coisas da vida. Não é?

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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