Grupo de cervejaria na mira da Lava Jato

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira a 62ª fase da Operação Lava-Jato , que investiga pagamentos de propinas disfarçadas de doações eleitorais pelo Grupo Petrópolis . Agentes da PF saíram às ruas em 15 cidades do país para cumprir 39 mandados expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Entre as seis ordens de prisão, está a do presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria.

A PF cumpriu mandados de buscas e apreensões na residência de Faria, localizada no Condomínio Chácara Boa Vista, no município de Porto Feliz, interior de São Paulo. O empresário não estava em casa.

A Justiça decretou ainda prisão temporária, por cinco dias, de Vanuê Faria e Cleber Faria, sobrinhos do empresário, e três funcionários da cervejaria Silvio Antunes Pelegrini, Naede de Almeida e Maria Elena de Sousa. Segundo a PF, pelo menos três deles foram presos e, durante as buscas, os agentes apreenderam R$ 243, 3 mil em espécie. Foram apreendidos ainda celulares, discos rígidos de computadores, documentos e contratos.

De acordo com as investigações, Vanuê e Cleber são titulares de contas no exterior e teria havendo indícios de ocultação de valores às autoridades brasileiras.

Segundo despacho da juíza Gabriela Hardt, que assina os pedidos de prisão, há provas de que Walter Faria possuia complexa estrutura financeira de contas no exterior, que seriam tanto para movimentar propina como para gerar dinheiro em espécie para repasse ao Grupo Odebrecht.

De acordo com a juíza, há provas de que essas contas movimentaram dinheiro de propina referente a dois navios-sonda da Petrobras – Vitória 10.000 e Petrobras 10.000. – cada uma destas contratações teria gerado USD 35 milhões em pagamento de vantagens indevidas a executivos da Petrobras e políticos.

Entre os beneficiados estariam políticos do MDB, que controlavam a área internacional da Petrobras. O lobista Jorge Luz, que assinou acordo de delação premiada, teria intermediado cerca de US$ 6 milhões em propina vinculada às sondas. Ele citou entre possíveis beneficiários o deputado federal Aníbal Gomes, o então Ministro Silas Rondeau e os senadores Renan Calheiros e Jader Barbalho. Luz e seu filho, Bruno Luz, disseram que o dinheiro aos políticos foi direcionado a conta em nome da off-shore Headliner Limited.

Uma das contas ligadas ao grupo cervejeiro foi usada, por exemplo, para pagamentos de vantagens indevidas a ex-auditores fiscais da Receita Federal, investigados na Operação Vulcano.

De acordo com a PF, foram expedidos um mandado de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária (contra executivos do Grupo Petrópolis) e 33 mandados de busca e apreensão em 15 cidades (Boituva, Fernandópolis, Itu, Vinhedo, Piracicaba, Jacareí, Porto Feliz, Santa Fé do Sul, Santana do Parnaíba e São Paulo/SP; Cuiabá/MT; Cassilândia/MS; Petrópolis e Duque de Caxias/RJ; e Belo Horizonte/MG).

Procurado, o Grupo Petrópolis afirmou que seus executivos já prestaram esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes e que “sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos”.

Em maio, a Lava-Jato do Rio desbaratou um esquema que, por meio de “chequinhos” e boletos bancários , lavou dinheiro para o ex-governador Sérgio Cabral. Na última fase do processo de lavagem, valores em espécie eram entregues a clientes que desejassem “comprar” os reais em dinheiro vivo. Em contrapartida, esses clientes pagavam no exterior valor correspondente em contas indicadas pelos operadores do esquema. Desta maneira, reais eram trocados por dólares sem levantar suspeitas de órgãos de fiscalização. O Ministério Público Federal (MPF) já havia informado no passado que a Odebrecht foi cliente dessa operação durante anos como forma de pegar dinheiro vivo para subornar agentes públicos.

Fonte: O Globo

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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