Sobre o reajuste dos professores do município: vamos lembrar toda a história?

E a polêmica do não reajuste de 3,64% no salário dos professores da rede municipal? Será que vale a pena falar  mais um pouco disso? Vale. Como professor do Ensino Superior, sei bem o que é ficar sem reajuste, afinal, faz só 6 anos que o Governo de Minas Gerais não dá nem a correção da inflação, provocando uma defasagem de quase 50% no nosso salário. E os colegas da rede municipal? Apesar de terem tido um reajuste de 4%, este ficou bem abaixo do reajuste do piso nacional aprovado no país, que é de 7,64%. Então, vamos considerar algumas coisas sobre o fatídico dia 29 de maio de 2017, data em que os 4% foram aprovados na Câmara de Frutal.

Naquele dia houve uma discussão de bastidores muito grande. O vereador Bruno Augusto – único que votou contra o aumento menor do que o previsto – queria incluir uma obrigatoriedade no Projeto de Lei que faria com a Prefeitura concedesse os 3,64%, o que não foi permitido porque não se poderia “obrigar” o município a gastar. Durante a reunião ordinária a sessão chegou a ser suspensa por meia hora para discussão do reajuste, quando uma comissão de professores foi até aos vereadores pedir a aprovação dos 4% dizendo que havia a promessa de que o restante viria no segundo semestre. O apelo, então, era de que se não fosse os 4%, não seria nada.

Sensibilizados com os professores e, crentes na boa fé da atual prefeita, o projeto foi aprovado pelos vereadores (com exceção do vereador Bruno que, como já disse, votou contra). Nos debates do projeto, houve vereador dizendo que “a nossa família cumpre o que promete”, e que “eu tenho certeza que a promessa será cumprida porque nossa prefeita é filha de educadora e tem irmã educadora”. Pois bem. Depois de tantos discursos fofinhos, a realidade vem a tona e o “menino brigão” é o que tinha razão: a promessa foi para o buraco.

Está claro que boa parte dos vereadores aprovou o reajuste por acreditarem na boa fé dos professores na Prefeitura. A promessa feita em gabinete de que os 3,64% viriam, convenceu. Culpá-los por isso? Será mesmo que devem ser culpados por acatar o pedido de uma comissão de professores que diziam que ou eram os 4% ou nada? Não, não vejo assim, porque política se faz também com a sensibilidade caso a caso e, nesse em tela, por verem professores precisando dos 4% e acreditando que a promessa seria cumprida para o pagamento integral do Piso Nacional. Agora, se houve alguma má fé, nisso, são expressões como “condicionada a disponibilidade financeira” que por hora é ressaltada em um documento entregue para os professores dizendo que os vereadores é que são culpados por terem aprovado a lei desse jeito.

Pior ainda é os professores ouvirem de quem disse que a família cumpre promessas a afirmação de que “essa pequena diferença não vai fazer falta no salário de ninguém” (pausa para tentar digerir isso…).

Menos, Dona Maria… menos. Menos promessa, mais ação. Menos gastação, mais respeito pelos educadores.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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