Crônica: Traços de Frutal registrados na memória

Frutal tem algumas coisas que fazem sentido para quem vive ou pelo menos passou a infância por aqui. São coisas simples que nem foto nem imagem ou vídeo conseguiriam registrar a sensação de se deparar com elas. Dois exemplos que me trazem à memória, diariamente, o que é viver nessa cidade há quase 30 anos: ouvir a sirene da Constrular tocar, religiosamente, de manhã, na hora do almoço e ao final da tarde. Quem aqui – em tempos quando a cidade ainda era um pouco menor – não marcou o seu horário pela sirene de fábrica da loja?

Descrever o que é ouvir até hoje em alto e bom som o sino tocando talvez é algo que não consiga postar em palavras por aqui. Porém a sensação é a mesma, diariamente, quando estou por perto e consigo marcar a hora de acordo com a Constrular. Talvez por me levar a idos tempos em que, menino de tudo e estudante da escola “A Sementinha” (onde fui aluno da “Tia Gleiva”, “Tia Maria Elisa”, “Tia Rita” entre tantas outras “tias”) e que, morando no centro da cidade, corria apressado para me trocar porque já era meio dia e eu tinha que ir para a escola antes da uma da tarde.

Outra sensação ímpar que tenho é quando passo ali em frente ao Café Primor e sinto o cheiro do café torrado. Para quem gosta da bebida é um deleite. Me desperta a vontade de beber uma boa xícara, ainda mais em dias de clima mais ameno como esta sexta-feira, 18 de agosto. Talvez para quem more nas imediações não faça tanta diferença passar por essa sensação, mas para quem, vez ou outra se depara com o aroma do café pela rua, é delicioso.

Poderia listar outras coisas por aqui, talvez, influenciado por esse clima de inverno que se instalou na cidade nos últimos dois dias. Mas é fato que, conforme o tempo vai passando – e os anos de Frutal vão se somando aos anos de vida – ficamos um pouco mais saudosos de coisas simples que nos trazem épocas onde a vida, outrora, talvez fosse mais fácil. E, de cá, vamos registrando, na memória – e quando dá em texto e foto – um pouco da história dessa cidade. Quem sabe para que, daqui algumas décadas, meus filhos e netos possam alcançar esses registros gravados na memória interminável da Internet e saberem – ou pelo menos conhecerem um pouquinho – o que significa cada uma dessas pequenas coisas para quem nasceu lá no século XX e vê sua vida seguindo ao longo desse século XXI em uma cidade cada vez mais transformada (muitas vezes, para pior….).

Abraços a todos!

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação