Blog do Portari visita escolas rurais e faz uma análise do que encontrou por lá

Divisórias na escola da Boa Esperança ainda não chegam até ao teto. Secretaria de Educação prometeu solucionar o problema em 15 dias

Nos últimos 20 dias acompanhei a visita de vereadores a povoados de Frutal. Estivemos no Garimpo do Bandeira, Vila Barroso (famoso Chatão) e Boa Esperança, sempre na companhia dos vereadores Querino François, presidente da Câmara, Pedrinho do Gás, Rapinha e, na visita ao Chatão, também o vereador Edivalder Cheiroso. As idas fizeram parte da agenda dos vereadores em conversar com a população dos povoados mas, acima de tudo, para visitarmos também as escolas rurais do município (sim, ainda faltam algumas para irmos). E encontramos situações interessantes e que passo a relatar neste texto, com toda liberdade e a partir da observação de quem esteve in loco em cada um desses lugares. E, claro, vamos respondendo algumas das principais indagações que ouvimos por parte das pessoas com quem conversamos.

Fechamento de Escolas

Vista de parte da escola Odílio Fernandes, na Boa Esperança

Nas três localidades visitadas e, por consequência, nas três escolas visitadas, ouvimos as mesmas dúvidas vindas de profissionais da educação, motoristas e de pais: as escolas rurais vão ser fechadas? Sim, ouvimos essa pergunta diversas vezes, sempre com origens diferentes. E a origem da dúvida, também, sempre surgia de uma conversa de alguém que ouviu falar dessa história. E a angústia dos professores, pais e motoristas era visível quando esse assunto surgia: se fecharem a escola, o que vão fazer com os alunos? Mandar para Frutal? E os professores?

Diante desta primeira – e talvez mais importante dúvida – entrei em contato com a secretária municipal de educação, a professora Gabriela Ferreira de Melo que, por telefone, me garantiu: não existe a intenção de se fechar qualquer escola rural de Frutal. E, mais: ela diz não saber de onde surgiu esse assunto e que teria ficado espantada com a pergunta encaminhada pelo Blog a ela. O certo é que, se houve algum tipo de assunto nesse sentido surgido por qualquer pessoa, a resposta definitiva da secretária é “não”.

No entanto, ela afirmou ter existido uma ideia de tentar trazer para Frutal aluns do segundo ciclo (do 6º ao 9º ano) para que pudessem estudar aqui, enquanto os alunos do primeiro ciclo (1º ao 5º ano) ficariam na escola em tempo integral. Mas, conforme ela relatou, a ideia não amadureceu, apenas foi ventilada. Portanto, por enquanto, tudo continua como está.

Salas divididas ao meio e unificação de turnos

Pátio da escola Joaquim Barroso: uma das mais bem estruturadas de todo o município

Outra novidade para este ano de 2017 foi a unificação dos turnos. Ou seja, a escola que antes funcionava de manhã e de tarde, agora funciona apenas no período da tarde. A iniciativa se deu, conforme Gabriela, para economizar recursos. Ela afirma que, a título de comparação, só no mês de março a economia foi de R$100 mil no transporte escolar se compararmos com o mesmo período de 2016. Ou seja, a unificação estaria trazendo resultados positivos no que tange à economia e aplicação dos recursos da Educação.

Por outro lado, com o aumento do número de salas de aula necessário para abrigar os alunos dos dois ciclos de estudo, salas tiveram que ser literalmente divididas ao meio: divisórias foram instaladas nas salas de aula e, o espaço em que funcionava uma série, agora funcionam duas.

Alguns transtornos surgiram: a falta de isolamento acústico faz com que o que é dito de um lado da sala, seja escutado do outro. Se os alunos estiverem em polvorosa, fica muito difícil continuar a aula do lado que está em silêncio. Por um período também, pelo que nos foi relatado, a falta da construção de novas portas fez com que os alunos de uma turma, necessariamente, passassem pela outra turma para entrar ou sair da sala. Essa situação perdura, no momento, na Escola da Boa Esperança. No Chatão e no Garimpo, isso já foi resolvido.

Em conversa por telefone com o Blog, a secretária Gabriela garantiu que nos próximos 15 dias o problema da falta de porta e a instalação do restante da divisória na escola da Boa Esperança seria feita, pondo um fim neste problema.

Mas, o que fazer com o barulho que vaza de um lado para o outro da divisória? Talvez esse seja o desafio maior de professores e diretores para conviver com essa situação.

Talvez a melhor parte desta unificação foi o fato de que as crianças do primeiro ciclo não precisam mais acordar as 4 da madrugada para ir para a escola, como ocorria antigamente. Então, há o que se pesar de positivo e negativo nessa decisão sem, no entanto, esqueceremos da qualidade didático-pedagógica, que é fundamental para o bom desenvolvimento destes estudantes.

Bibliotecas e salas de Informática

Outro ponto interessante a se observar nas escolas, são as biblioteca. Pelo menos em duas delas. Porque no Garimpo do Bandeira, por falta de espaço, a biblioteca se transformou em sala de aula. No Chatão e na Boa Esperança, no entanto, é de encher os olhos a riqueza de livros disponíveis para os alunos. Encontrei até um exemplar do “Conversa de Compadre” lá na Boa Esperança, livro de contos assinado pelo meu saudoso pai, Sérgio Portari.

No que tange o acesso a computadores e Internet, todas as escolas têm (e mais uma vez o local mais precário nessa situação é o Garimpo). Ouvimos que alguns computadores carecem de manutenção e que o sinal da Internet oscila bastante (mas isso ocorre até mesmo na zona urbana). Porém, já é uma oportunidade dos alunos, especialmente os que vivem na zona rural e muitas vezes não têm acesso à Rede Mundial de Computadores, terem um contato com essa ferramenta imprescindível para a formação e educação destes jovens.

Estruturas físicas

No geral a estrutura física das escolas é boa. Ressalte-se a escola Joaquim Barroso, no Chatão. Construída como escola modelo, o desavisado que chega por lá se espanta em ver o tamanho da estrutura, quantidade de salas de aula e o carinho e zelo da direção, servidores, professores e alunos pela escola. É sim um diamante na zona rural, apesar das dificuldades de acesso (são 40km praticamente de terra para chegar lá) e das salas partidas ao meio com as divisórias.

A escola da Boa Esperança também conta com boa estrutura física. Ouvi de uma mãe, que aguardava o filho na saída, dizer que ela veio do Nordeste e que nem na cidade que ela morava, na zona urbana, tinha uma escola tão bonita e organizada como aquela. E que ela causa inveja ao contar para as amigas que lá ficaram o quanto a escola é boa, organizada e que as crianças são muito bem educadas. Ouvir isso, mesmo para quem não faz parte da administração municipal (como eu), é de se orgulhar.

No Garimpo a estrutura física é boa, mas há um novo prédio sendo construído logo em frente. Apesar de ainda estar longe de ser concluído e inaugurado, é fato que a quando ele for finalizado, irá melhorar bastante as condições de atendimento dos alunos e a qualidade do serviço dos professores.

Carinho e dedicação

Se há algo a ser ressaltado nos três povoados visitados é o carinho e dedicação de professores, diretores e alunos. Sim, até mesmo os meninos zelam por aquele espaço, sabendo o quanto é importante para eles terem uma escola limpa, organizada e, acima de tudo, que possam chamar de “sua”. Não há dúvidas de que a comunidade rural se mobiliza e se une em favor destas escolas o que, mais uma vez, reforça a importância de continuarem com as portas abertas.

 

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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