A demissão dos aposentados, a falta de sensibilidade do município e a polêmica que se desenha

A notícia de ontem que a Prefeitura vai demitir 111 servidores aposentados que continuaram trabalhando em suas funções no município, não caiu muito bem para a atual administração. Além de demonstrar pouca sensibilidade com os trabalhadores – uma vez que os reuniu ontem para avisar que terão, no máximo, mais um mês em suas funções – há muito questionamento em torno da decisão do município. Principalmente porque a justificativa do município é de que, se o funcionário foi ao INSS e pediu a aposentadoria, logo ele deve ser desligado de sua função pública.

Por outro lado, a situação é um pouco mais complicada. Isso porque segundo os aposentados há uma lei que permite que o servidor que se aposenta pode continuar em suas funções até completar 70 anos de idade. E aí reside, novamente, a falta de sensibilidade da atual administração: simplesmente descartam o servidor que tem um pouco mais de idade e, além disso, os colocam numa situação ainda mais complicada: possivelmente todos têm seus compromissos financeiros já assumidos contando com o salário que, em tese, teriam por mais tempo.

Outro dado importante a se observar é o fato de que, conforme levantamento do vereador Bruno Augusto, só com funcionários comissionados o município irá pagar cerca de R$6 milhões em salário ao ano. Ou seja, se por um lado a alegação é de que a folha de pagamento está extrapolando os limites legais, por outro, houve um acréscimo de despesa para o Poder Executivo que é discutível. Enfim, se observarmos todos essas nuances, não há dúvidas, na minha opinião, que está faltando à Prefeita Maria Cecília e ao vice Antônio Heitor a delicadeza em lidar com o assunto. Claro que haverá recursos, brigas judiciais e tudo mais por parte daqueles que se sentirem prejudicados com a questão. No entanto, e ao que tudo indica, a decisão já foi tomada.

Certamente teremos mais capítulos desta história. Mais um capítulo lamentável no que tange ao respeito com o servidor público. Tomara que um ponto de equilíbrio seja alcançado. E que aquele servidor que já está mais de idade, aposentado, que tanto contribuiu para a nossa cidade, não seja simplesmente descartado como um “produto” perecível qualquer.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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