Fala Portari: Apesar de boa infraestrutura, desenvolvimento de Frutal ainda engatinha a passos lentos

Pelo segundo ano consecutivo Frutal entrou no Ranking da Revista Exame como uma das 100 melhores cidades para se investir. Dessa vez, com o 15º lugar do indicador, acumulando 2.503 pontos. A primeira colocada, Vinhedo (SP) cravou 3.273 pontos no índice. O cálculo é feito a partir de três indicadores fundamentais: 1) o número de casas com Internet Banda Larga de Alta Velocidade; 2) Índices de perda na distribuição de água; 3) quantidade de vezes que ocorreram paralisações na distribuição de água no último ano.

A se pensar por esse lado, sem dúvida nenhuma que a cidade conta com boa infraestrutura. A internet de banda larga é uma realidade em toda a cidade – apesar das falhas e dos problemas constantes de velocidade e conexão – e a Copasa executa de forma satisfatória o seu trabalho – apesar das reclamações constantes do alto preço da distribuição de água e coleta de esgoto cobradas dos moradores.

A se julgar que a Revista Exame tem circulação nacional, por que não conseguimos reverter esses índices positivos em investimentos reais? É uma pergunta que, possivelmente, muita gente de se fazer e não é pretensão minha responder a essa pergunta em sua completude. Mas é fato que a falta de incentivo por parte dos poderes constituídos, alta carga tributária de MG e a falta de algumas estruturas básicas para a vinda das indústrias e geração de emprego pesam contra a nossa cidade.

Vejam bem: há tempos não se tem área suficiente para doação a fim da instalação de empresas na cidade. A Sorvetes Chiquinho tentou, há uns dois anos, instalar uma unidade industrial na cidade para fabricar suas casquinhas, copos, entre outros produtos que são distribuídos para mais de 400 lojas no Brasil e agora em Miami. Teve que fazer as malas e se instalar em São José do Rio Preto por falta de área a ser doada e incentivos. Perdemos empregos com isso.

Nos últimos quatro anos vimos uma série de anúncios de intenções de empresários querendo se instalar em Frutal. De sapato a chapéu. Mas, com exceção da Rede Marajó – que se instalou por conta própria na BR-153 – não tivemos nenhuma outra conquista nesse sentido. Aliás, a última grande empresa que veio para cá foi a Cervejaria Premium e, ainda assim, por um custo extremamente alto para o município: doou-se toda a área do Distrito Industrial à Destilaria Aralcool (a primeira dona da cervejaria, antes da venda) com a expectativa que a cervejaria se ampliasse. A indústria foi vendida para a Proibida e a área, que não foi utilizada, agora é de um empreendimento particular e a Prefeitura não consegue reverter o espaço não utilizado em benefício do município. Ou seja: meteu-se os pés pelas mãos, apesar da geração de emprego que a Proibida promove na cidade (e só, sem investimentos em cultura, esporte, lazer ou qualquer outra coisa no município, como muitos esperaram no início).

Com esse cenário posto, o desafio da atual administração para combater essa situação, é grande. O cenário econômico é desfavorável, o cenário político nacional, estadual e municipal, deplorável. Mas é nesse momento em que destacam-se os bons administradores. Espero, como frutalense, que o índice positivo da Revista Exame e reverta em algo, de fato, favorável para a nossa cidade. Ou será apenas mais um “prêmio” que ficará desperdiçado no rol de oportunidades já jogadas pela latrina em nosso município.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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