Superlotação do presídio de Frutal é tema de reportagem da Rede Globo

O Presídio de Frutal, no Triângulo Mineiro, está passando por problemas de superlotação. Além do excesso de presos, parentes reclamam da qualidade da comida que é servida no local. A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), por meio da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) falou sobre o assunto.

Em janeiro de 2016, uma rebelião no presídio terminou com um detento foragido, que acabou recapturado em outra cidade. Na época, havia 247 presos no local e hoje são 230. Contudo, a capacidade do presídio é para 135 pessoas.

Esposas de presos, que pediram para não serem identificadas, afirmam que a unidade prisional está superlotada. “Na cela onde o meu marido está, tem 46 presos. Isso é muito ruim. Quando tem visita, eles chegam a colocar cinco detentos para fora. A gente que tem criança sofre. É um excesso muito grande. Eles dormem no chão e mesmo assim é tumultuado”, comentou.

“Uma coisa que suporta 15, está com 40, 45 homens. O calor é grande, tem muita gente, muito homem. Aquilo é muito ruim. Mas as mulheres de vereadores estão tendo regalias. A gente demora de três a quatro semanas para arrumar os papéis. Elas já entraram com os maridos delas com duas semanas lá dentro”, disse outra mulher.

Elas também afirmam que a reclamação sobre a comida no presídio é geral. “Tem muito fubá nessa alimentação, muito angu. As carnes são duras. Às vezes o feijão vem cru. Tem a falta de tempero, sem sal, sem cebola, sem nada”, disse uma delas.

“O meu marido uma vez achou uma porca dentro da marmita. Quase  quebrou o dente. Isso, para mim, é um descaso o que eles fazem com eles”, comentou outra esposa de detento.

Comida no presídio
A empresa responsável pelas refeições informou que fornece 260 marmitas no almoço, jantar, café da manhã e lanche da tarde. Uma funcionária, que também preferiu não ser identificada, diz que a prestação do serviço é prejudicada por atrasos no pagamento pelo Estado. “O Estado ficou devendo para a unidade as notas fiscais de fevereiro até dezembro. De fevereiro a junho foi pago em novembro. E a nota de agosto foi paga em dezembro”, relatou.

A funcionária rebate as críticas sobre a qualidade da comida, mas admite que têm ocorrido mudanças no cardápio. Marcas de produtos foram trocadas e a salada sofreu alteração. “A comida é feita com base no padrão nutricional. A Seds vem aqui, comem e falam que está tudo ótimo. A ideia seria ir mudando de acordo com o que está no contrato, que cada dia seria uma folha diferente. Mas não conseguimos manter este cardápio, por isso, estamos só colocando repolho com algum legume”, afirmou.

Respostas
Ninguém da direção do presídio foi autorizado a gravar entrevista. À produção do MGTV 1ª edição, a Secretaria de Estado de Segurança Pública de Minas Gerais (Seap) enviou uma nota reconhecendo que a superlotação é uma realidade no sistema carcerário de Minas Gerais e de outros estados e afirmou que vem adotando medidas para disponibilizar mais vagas, mas não detalhou quais são.

Sobre a alimentação dos detentos, a Seap também disse que, caso a secretaria detecte qualquer irregularidade no fornecimento, vão ser tomadas as providências cabíveis, mas também não citou quais.

A respeito do atraso do repasse da verba para a empresa responsável pela alimentação do presídio, segundo o assessor da Seap, Bernardo Rezende,  vão ser apuradas as informações. Mas até a publicação desta matéria, não houve resposta.

Quanto à possível regalia que os vereadores presos estariam tendo, a produção do MGTV entrou em contato com o diretor adjunto do Presídio de Frutal, que nega a informação e diz que eles recebem o mesmo tratamento dos demais detentos.

Link para reportagem: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2017/01/presidio-de-frutal-enfrenta-problemas-de-superlotacao.html

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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