Análise do editor: Arnaldo sai de vice-líder do bloco governista à condição de “perseguido” pelo governo de MG

arnaldopimentelO deputado estadual Arnaldo Silva tem vivido um momento interessante na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Após ser indicado como um dos vice-líderes do bloco governista em favor do governador Fernando Pimentel (PT) com apenas 12 dias de seu primeiro mandato, em fevereiro de 2015, o parlamentar se vê agora na situação de “perseguido” pelo governo que apoiou por quase dois anos.

A situação tem se desenrolado nos últimos dias em virtude do posicionamento de rompimento adotado pelo parlamentar mineiro frente às denúncias que pesam contra Pimentel na Operação Acrônimo. O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) enviou recomendação para que os parlamentares mineiros abram processo de investigação contra o governador face às denúncias apresentadas na investigação da Polícia Federal. A votação deve acontecer nos próximos dias e poderá mudar os rumos da política mineira.

Num primeiro momento Arnaldo saiu em defesa de Pimentel, afirmando que essa investigação não seria de competência da ALMG, mas sim da Justiça Brasileira. Numa segunda etapa, passados alguns dias desse primeiro pronunciamento, o parlamentar resolveu “romper” com Pimentel e afirmou que irá votar favoravelmente à abertura da investigação na Assembleia mineira. Seu posicionamento bate de frente com a orientação de seu partido do qual Arnaldo é vice-presidente, o PR (Partido da República), que recomendou que seus filiados votassem contra a investigação. O resultado disso está numa ameaça de expulsão da legenda e, caso isso se concretize, o caminho mais curto do parlamentar deverá ser até ao Partido Progressista (PP), de Odelmo Leão, prefeito eleito de Uberlândia.

Como uma forma de sobreviver aos votos dos deputados estaduais, o governador Pimentel deverá realizar mudanças em secretarias de estado, principalmente para barrar vozes contrárias a ele que só estão na Assembleia porque os titulares das vagas estão nomeados em cargos no Executivo. Passada a votação, prevista para acontecer antes do Natal, novos nomes deverão ser alçados ao governo e novos suplentes assumirão cadeiras de deputado estadual. Entre eles está o ex-deputado estadual Zé Maia. Atualmente no PSDB, dizem os cronistas políticos de Belo Horizonte que o itapagipense estaria de malas prontas para sair do ninho tucano e buscar abrigo em outra legenda que seja da base governista. Com as mudanças previstas no alto escalão, Zé Maia voltaria para a ALMG com sua experiência de três mandatos como parlamentar mineiro.

A volta e fortalecimento de Zé Maia pode ser vista como uma “ameaça” a futuros projetos do deputado Arnaldo na região de Frutal, onde os dois devem disputar novamente os votos em 2018. Com essa briga toda, obras e recursos deverão ser liberadas para a região, seja em nome de um ou e outro. O fato é que o conflito político que se desenha, é iminente. E quem irá angariar mais apoios nesse cenário, ainda é incerto. Porém, a volta de Zé Maia deverá fazer com que diversos companheiros políticos dele voltem à cena, reorganizando e fortalecendo seu grupo político para encarar as eleições vindouras.

Nesse ínterim, até mesmo a política local em Frutal pode sofrer consequências. O vice-prefeito eleito, Toninho Heitor, pessoa extremamente ligada ao deputado Arnaldo, foi um dos coordenadores regionais da campanha de Pimentel e Dilma em 2014. Como ficará, agora, as relações de Toninho com o alto escalão do governo? Como isso poderá afetar Frutal?

São perguntas que ainda pairam pelo ar. Mas que, em breve, muito em breve, começarão a ser respondidas.

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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