Reportagem da Folha aponta desvios nas obras do Hidroex

aereaMatéria repercutida pela Folha de S.Paulo hoje mostra apurações de possíveis desvios de recursos nas obras da Cidade das Águas em Frutal. De acordo com o jornal, o montante de irregularidades em pagamentos ocorridos aqui foi de aproximadamente R$37,7 milhões, ou seja, 16,6% da obra. Os pagamentos seriam por conta de duplicidade de material (por exemplo, sifões de pias foram pagos duas vezes no projeto), além de instalação de material diverso do previsto (por exemplo: a obra previa canos de cobre, no entanto, teriam sido instalados canos de PVC).

O texto resgata uma reportagem já publicada em 2015 no jornal O Tempo, de Belo Horizonte. A reportagem destaca principalmente o nome do senador Antônio Anastasia, que à época, era governador de Minas Gerais. Na denúncia também consta que a construtora contratada para a obra, CWP (Construtora Waldemar Polizzi), pertencia a primos de Anastasia até 4 meses antes dele assumir o governo. “A CWP, segundo os auditores, foi a beneficiária de desvios de R$ 8,6 milhões e deixou de recolher aos cofres públicos uma taxa de fiscalização da licitação no valor de cerca de R$ 400 mil. Na licitação para construção de parte do centro de pesquisa, as quatro adversárias da CWP foram desclassificadas, e um dos argumentos foi o de que não possuíam técnico responsável com capacitação suficiente para a obra. Apenas Waldemar Anastasia Polizzi, primo em primeiro grau do hoje senador, foi considerado apto para o trabalho, o que permitiu a vitória da construtora. Segundo a controladoria, as exigências do edital da licitação foram irregulares e limitaram a livre competição”, diz a reportagem da Folha.

Um detalhe que chama a atenção, no entanto: o nome do ex-secretário Narcio Rodrigues não é citado em momento algum da reportagem. Conforme apurei, isso porque as obras seriam de responsabilidade do Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais (DEOP), que não pertence à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Outro detalhe que chama a atenção: apesar do relatório do ano passado e das suspeitas de desvios, o DEOP autorizou a retomada das obras pelas mesmas empreiteiras contratadas anteriormente. Se houve indícios de irregularidades, por que não mudar as empresas? Atualmente, quem passa por ali, já vê que as obras começaram a ser retomadas, inclusive, da avenida de acesso, enquanto outros terrenos começaram a ser preparados para receber novos prédios.

Enfim, o assunto está posto e vale a pena as reflexões.

Update: o ex-secretário de governo, Narcio Rodrigues, que ocupou a pasta da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, encaminhou esclarecimentos sobre a reportagem da Folha de S.Paulo. Leia abaixo:

OBRAS DO HIDROEX – ESCLARECIMENTOS

Em relação à reportagem do jornal Folha S Paulo, divulgada hoje, fazendo referência à um possível siperfaturamento na execução das obras da Cidade das Águas Unesco- Hidroex, o jornalista Narcio Rodrigues, procurado por veículos de comunicação para falar a respeito, tem dois pontos a declarar:
1 – Como Deputado Federal e Secretario de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Governo passado, nunca tive participação nem em processo licitatório e nem no acompanhamento da execução de obras – tarefa que sempre coube ao DEOP – Departamento de Obras Publicas de Minas Gerais, órgão da Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas. Cabe ao órgão, portanto, qualquer esclarecimento a respeito.
2 – Minha distância administrativa do processo de execução de obras não me desobriga de manifestar minha crença de que o Governo de Minas cumpriu todo ritual na execução das obras. A matéria se baseia em um relatório de meados de 2015, sem o posicionamento e contradita da empresa, e não faz referência ao fato de que há cerca de 15 dias o mesmo DEOP-MG autorizou a mesma empresa a retomar a mesma obra, numa sinalização de que as citadas irregularidades tenham sido sanadas.
3 – É estranho que essa matéria, publicada no ano passado pelo jornal O Tempo, volte aos jornais exatamente no momento em que o senador Antonio Anastasia foi eleito para relatar o impeachment da Presidente Dilma.
4 – Caso haja, de fato, qualquer irregularidade ou desvio, nossa posição será sempre a de pedir apuração criteriosa e punição dos eventuais culpados.

NARCIO RODRIGUES DA SILVEIRA

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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