Nesta época de chuvas intensas, entenda como funciona a operação dos reservatórios da Cemig

As chuvas dos últimos dias estão causando vários estragos em Minas Gerais e, neste período do ano, surgem muitas informações falsas e desencontradas a respeito da operação de reservatórios da Cemig. E, ao contrário do que muitos pensam, essas instalações têm papel fundamental nos períodos de cheia, pois ajudam a diminuir os impactos causados pelo grande volume de água que chega aos rios e acabam causando enchentes e outros transtornos.  Em janeiro de 2022, por exemplo, a UHE Três Marias teve papel fundamental para o controle de cheia e diminuição do impacto das cheias junto à população.

Uma pergunta frequente, feita pela população e que gera muitas dúvidas a respeito da operação de reservatórios é: toda vez que a Cemig abre comportas ocorrerá inundação nas cidades rio a abaixo? Não exatamente. Os dispositivos extravasores (que liberam água) são projetados em barragens para repassar o volume excepcional que não é possível aproveitar para gerar energia, seja por existir alguma turbina indisponível ou quando todas já estejam gerando em sua plena carga. 

“É importante esclarecer que a abertura de comporta não é o que causa a cheia dos rios. Esse procedimento acontece em função da grande quantidade de água que chega à usina ou PCH. Em muitos casos, quando o reservatório é de grande porte, a instalação consegue amortecer todo o impacto, mas em outros (especialmente as usinas fio d’água) a regularização da vazão não é possível, ou seja, toda o volume que entra, sai da usina”, completa Ivan Sérgio Carneiro. 

De forma resumida, quando o volume nas instalações atinge seu nível máximo, é preciso liberar a água que está chegando no reservatório para que ela não cause danos à estrutura ou simplesmente passe por cima das barragens, aumentando o risco para a população.

Existem também as usinas que não possuem vertedouros controlados (como as comportas), contando com vertedouros do tipo soleira livre (ou crista livre). Nesse tipo, o excedente de vazão natural oriundo das chuvas é invariável e naturalmente repassado rio abaixo pela estrutura do vertedouro, não havendo possibilidade de controle de vazões. “Na prática, é como se a existência da barragem não influenciasse em nada naquele evento natural. Ou seja, se a usina não existisse, o rio encheria da mesma maneira que comparado ao fato de o barramento existir atualmente”, explica o gerente da Cemig.

Em todos os casos, em relação ao controle de cheias, a vazão liberada em momentos de grandes volumes de água não é superior à vazão que o reservatório está recebendo, sendo, no máximo igual. Assim, as usinas na maioria das vezes atenuam o efeito das cheias e, na pior das hipóteses, reproduzem o efeito das vazões naturais, não agravando a situação de nenhuma forma.

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