Família contesta nota da Secretaria de Saúde e acusa Hospital Frei Gabriel de negligência

Uma criança de apenas 9 anos, moradora do Residencial Francisco Moron, faleceu na quarta-feira (17), em Campo Florido, a caminho de recursos médicos em Uberaba.A princípio, o diagnóstico foi de dengue, contudo, posteriormente, em nota de esclarecimento, a Secretaria de Saúde de Frutal negou tal afirmação.

Segundo a mãe Rhaira Christiane dos Santos, de 30 anos, sua filha Hyngrid Maria da Silva Santos estava gripada, apresentando ainda febre e dor de garganta no domingo à noite.

Na manhã de segunda (15), ela a levou ao Hospital Frei Gabriel, junto a suas outras duas filhas (uma de cinco anos e outra de quatro meses de vida), que apresentavam sintomas de gripe.Ao se realizar exames, descartou-se a possibilidade de covid, porém a menina foi diagnosticada com sintomas de dengue, sendo receitados os remédios ‘loratadina’ e ‘dipirona’ e que fosse para casa a fim de ficar de repouso por três dias.

Na quarta-feira (17), a situação de Hyngrid se agravou e Rhaíra retornou ao hospital com a filha. Nesta ocasião, a garota apresentou outros sintomas como pernas atrofiadas, fraqueza, engrossamento do pescoço e pressão arterial baixa.A mãe relata que a médica de plantão desconfiou que os sintomas eram de pós dengue e solicitou transferência pelo SUS Fácil, conseguindo uma vaga na UTI do Hospital Escola de Uberaba.

Durante o trajeto, próximo a cidade de Campo Florido, a menina teve uma parada cardíaca e a equipe de saúde procurou o hospital daquela cidade.

Apesar de tentar a intubação e outros procedimentos, Hyngrid faleceu na sala de emergência sem mesmo conseguir chegar à UTI de Uberaba.“Minha filha saiu de casa e chegou ruim no Frei Gabriel. Ela pediu para eu dar um abraço nela e eu senti que ela estava se despedindo de mim. Acho que houve negligência porque, desde segunda-feira, eles poderiam ter deixado ela internada e ter feito uma bateria de exames, mas esperaram o quadro dela agravar para mandar para fora”, lamenta.

Rhaíra contesta a nota da Secretaria de Saúde e diz que não entende porque estão divulgando notícias inverídicas por negar que era dengue e por falar que a garota ficou internada no Frei Gabriel, o que não ocorreu, já que foi liberada para guardar repouso em casa.

“Eles falam que aqui tem UTI, mas não tem. Então, eu gostaria de saber quantas vidas vão ser perdidas por não ter a UTI. Eu quero justiça e que as providências sejam tomadas porque minha filha tinha apenas 9 anos. Tinha toda uma vida pela frente”, justifica.

A mãe da menor disse ainda que, em Campo Florido, os profissionais de saúde afirmaram que o quadro de Hyngrid era de dengue hemorrágica e que em Frutal falaram que era da doença chamada “púrpura no sangue”.

A fim de evitar maior sofrimento, a família decidiu não fazer necropsia da garota, uma vez que o procedimento deveria demorar mais quatro dias.

Sob um clima de tristeza, forte comoção e consternação, Hyngrid Maria da Silva Santos foi sepultada no fim da tarde de ontem no Cemitério Municipal de Frutal.

Reportagem Samir Alouan

Comments

comments

rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação