Carangola: charmosa e com moradores muito simpáticos

Vista panorâmica parcial da cidade
Vista panorâmica parcial da cidade

Carangola. Cidade localizada há quase 1.100 quilômetros de Frutal. Foi esse o destino desse dia 26 de novembro em virtude da participação como docente do Seminário de Pesquisa e Extensão da UEMG. A cidade com seus 30 mil habitantes faz parte do chamado “Caminho da Luz”, um trecho de peregrinação que envolve milhares de pessoas no meio do ano e que passa por diversas cidades da Zona da Mata. No entanto, nenhum morador soube me informar especificamente o que é o tal “Caminho da Luz” e nem porque tanta gente o percorre.

O taxista Zé Francisco conta sobre a Caixa D'Água da cidade
O taxista Zé Francisco conta sobre a Caixa D’Água da cidade

A melhor definição que encontrei foi a do simpático taxista que me acompanhou nos principais pontos “turísticos” da cidade: o Sr. José Francisco. Morador da cidade desde 1954, ficou surpreso ao ser abordado por mim pedindo indicações de locais bonitos para fotografar. Fez mais do que isso: combinou um preço bem camarada para ficar à disposição por 1 hora, passando pelos pontos que ele acha mais bonito da terra em que ele mora. E não é que ele tinha razão?

A praça central de Carangola é bonita e tem Internet Wifi grátis para quem quiser. A decoração natalina feita de material reciclável está sendo instalada e a praça preparada para o dia da Padroeira: Santa Luzia. Mas, saindo da praça, subimos até a “famosa” Caixa d”Água, onde funciona a Estação de Tratamento de Água.

Fui recebido pelo simpático Francisco, operador do sistema de tratamento que me informou que a captação é de 100 litros por segundo e que tem orgulho de trabalhar por ali, apesar de já pensar na aposentadoria. Depois de umas fotografias pela ETA, uma das vistas mais bonitas de parte da cidade, já que estávamos no ponto mais alto da zona urbana. E os morros, junto com o rio que corta a cidade, dão um charme especial para a vista.

Casarão da década de 1930 precisa de restauro
Casarão da década de 1930 precisa de restauro

A próxima parada foi o Casarão antigo, construído em 1930 com estilo que mescla um pouco de rococó, com modernismo, romantismo e outras escolas de arte. O prédio está se deteriorando, mas ainda é habitado. No entanto, ali vimos que antigamente possivelmente boa parte da discussão política de Carangola deve ter passado por ali. A arquitetura chama a atenção e é uma pena que não esteja conservado (aliás, parece um “mal” de cidades pequenas não conservar suas raridades).

Saindo do Casarão, uma passada por um buffet recém construído por uma empresária que saiu da lama ao ver seu comércio falir e, utilizando de recicláveis, madeira de demolição e outros “rejeitos”, criou uma casa de festas na área de sua chácara que me encantou. Ali, fui informado que até mesmo o “Pequenas Empresas, Grandes Negócios” já esteve por ali para filmar o empreendimento.

A última parada foi a ponte de ferro. Hoje, onde passam carros e pedestres era, no passado, a ponte do trem de ferro que chegava por Carangola. Aliás, a antiga estação de trem foi transformada no Terminal Rodoviário e guarda ali um charme característico do passado.

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Rodrigo, proprietário da Super Pão: boa prosa e boa comida

Finalizada a corrida com o “seu” José Francisco, passei na “Super Pão”, padaria do centro da cidade onde entabulei uma conversa muito agradável com meu xará “Rodrigo”, um dos sócios da empresa. Com seus 40 anos, se mostrou orgulhoso em dizer que não tem Facebook, não tem WhatsApp, não gosta de Internet e que já conseguiu vencer na vida vendendo seus pães, doces e um delicioso café colhido nas plantações da região.

Uma volta pelo comércio local e, inevitavelmente os simpáticos vendedores e empresários, em dois minutos de conversa, já cravavam: você não é daqui. E quando ouviam a resposta que sou de Minas, mas estava a 1.100 quilômetros de distância de casa, se mostravam surpresos e perguntavam sobre essa região “diferente” que é o Triângulo Mineiro. Um deles disse conhecer Uberlândia e ter ficado encantado com as planícies, enquanto eu, aqui, me encantei com os morros que cercam Carangola.

3011igrejaAlgo que notei por aqui é que o custo de vida é baixo, mais baixo que em Frutal, sem dúvidas. Desde a alimentação ao supermercado (um pé de alface a R$1,40, por exemplo). Os moradores são simpáticos e demonstram interesse com os turistas, o que torna a estada muito agradável. E ao saber que havia 1100 pessoas participando do Seminário da UEMG, ficavam surpresos com a quantidade de estudantes e pesquisadores espalhados pela cidade, apesar de reconhecerem que poucos são tão conversadores como esse jornalista.

Ficar por um dia todo em Carangola foi muito agradável. Não tive tempo de ir às famosas cachoeiras da cidade. E mesmo com a grande distância, cansativa de ônibus, a paisagem e a boa prosa mineira fizeram valer a pena essa pequena “aventura” em virtude da hospitalidade de seu povo.

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Antiga ponte do trem de ferro
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Antiga estação ferroviária se transformou no Terminal Rodoviário

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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