Lausamar Humberto lança primeiro livro de poemas

11272275_1000056966671520_937343575_nO que resta, que será lançado neste sábado, às 10h, na cafeteria Coca Café, é o primeiro livro de Lausamar Humberto, professor do curso de jornalismo da UEMG. São 45 poemas e 9 aforismos.

O livro nasce como um trabalho de maturidade. Durante a adolescência e até perto dos vinte anos, Lausamar escreveu versos. Depois, abandonou a escrita de poesia e durante mais de 15 anos foi apenas um leitor voraz do gênero. Fã dos grandes nomes da poesia brasileira (Drummond, Bandeira, João Cabral, Cecília, Quintana, Adélia Prado, Ferreira Gullar), Lausamar voltou a arriscar a composição de alguns versos apenas em 2011. Surgiu o primeiro poema, o Poema Cinza, presente no livro. “Percebi que podia voltar a escrever. Que não tinha perdido a mão.”
A poesia de Lausamar tem algumas marcas facilmente visíveis para os que tomam contato com sua obra: uma quase obsessão pela clareza, pela compreensão dos versos, e uma melancolia, às vezes aguda, às vezes sublime. No prefácio do livro, o professor Alaor Ignácio observa que, nos poemas, há “uma permanente e intrigante lágrima existencial, que anda, corre, gira, dá volta pelos versos, e acaba tocando na funesta relação vida e morte. Como se o aporte de toda a obra dependesse da certeza de sua finitude”.
Temperando esta melancolia, há doses de certo otimismo, ou, como prefere o autor, um realismo esperançoso. Os poemas Sem Alarde, Para Catarina e Dias Azuis são prova disto.
Veja abaixo amostras da força poética deste novo autor:

PORQUE É VOCÊ. PORQUE SOU EU
Eu sou Johnnie Walker. Preferes suco de maçã.
Amas as madrugadas. Eu adoro as manhãs.
És alvinegra de Itaquera. Eu, rubro-negro carioca.
Pedes o McDonald`s. Vou sempre de tapioca.
És descrente militante. “Que o futuro seja o que será”.
Dou uma força ao meu destino e o entrego a Iemanjá.
És dureza, rock and roll, Bob Dylan é seu profeta.
Eu vou de samba, de bossa, João Gilberto é meu esteta.
És ioga, sou sofá. Queres tudo. Sou quase nada.
E eu sou o seu amado. E és a minha namorada.
O QUE RESTA
O olhar para trás do anteontem.
O suspiro que se esvai,
entregue a um desânimo ancestral.
As mãos inertes
que pendem da cadeira de alpendre,
e não reagem à vida que circunda.
São sintomas, não de dor,
mas do torpor de um saber mouco.
A desconfiança de que já foi tanto
e hoje é tão pouco.

CURRÍCULO
Dizem-me só especialista.
Erram. Sou prendado
em outras faculdades.
Mestre em dores miúdas.
Doutor em solidões avulsas.
Catedrático em saudades.

Serviço
Livro: O que resta
Lançamento: dia 6, às 10h, no Coca Café
Valor: R$ 25,00

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ioneidutra

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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