Asa Branca trava nova batalha por sua vida

Fonte: Diário da Região

Waldemar Ruy dos Santos, o locutor de rodeios Asa Branca, trava uma nova batalha pela vida em sua longa jornada contra os problemas de saúde que o perseguem há cinco anos. Desde quinta-feira, dia 12, ele encontra-se internado no Instituto do Câncer de São Paulo, na capital paulista, devido a complicações causadas por um câncer agressivo na garganta.

A doença, contra a qual ele já tinha feito 33 sessões de radioterapia há alguns anos, se espalhou pelo rosto e, nos próximos dias, ele deverá ser submetido a dois procedimentos: a retirada de duas válvulas na cabeça e uma gastrostomia, para que um tubo seja colocado em seu estômago para alimentação. Depois, Asa Branca, 57 anos, passará por sessões de quimioterapia, tratamento que tinha sido evitado até agora por ele ter o vírus HIV.

Sandra Santos, esposa de Asa Branca, contou ao Diário nesta sexta-feira, 13, que a situação do marido é bastante preocupante. “Quando viemos pra cá [hospital], ele deu entrada ainda consciente e conversando normalmente. Mas nas últimas horas ele ficou muito debilitado e bastante confuso, com dificuldade para se comunicar até comigo mesmo. Estamos todos muito apreensivos e não sei se vai ser possível seguir o cronograma que os médicos tinham definido para ele”, disse Sandra, referindo-se aos procedimentos previstos para auxiliá-lo no tratamento da doença que, entre outros efeitos colaterais, causa dores lancinantes na região da face.

“O primeiro plano está para quimioterapia, mas ainda vamos lutar pela cirurgia. Acho que pela situação dele seria uma quimio fraca e uma quimio fraca só iria maltratá-lo e não iria matar o câncer”, afirmou Sandra, que pediu orações para o capitão das arenas, que reinou absoluto no mundo dos rodeios por mais de duas décadas: “Mais uma luta. Vamos lá”, afirmou a mulher, que permanece firme ao lado dele.

Asa Branca, nascido em Turiúba, na região de Rio Preto, chegou a ficar dez meses em tratamento médico em Boston, nos Estados Unidos, para lidar com a doença, mas no final de julho optou por retornar ao Brasil. Naquela ocasião, com seu jeito peculiar de retratar os assuntos mais espinhosos, disse que tinha piorado.

“Faz dez meses que estou aqui me tratando, mas não resolveu nada e está do mesmo jeito. Piorou um pouco ainda porque estendeu e sinto muita dor. A dor estendeu pro queixo e pra garganta. Então nós vamos voltar para o Brasil. Tenho certeza que, no Brasil, os médicos aí não perdem nada para os médicos dos Estados Unidos. A gente bota fé e vamos voltar para o Brasil para continuar esse tratamento que eu tenho certeza que vou conseguir vencer esse câncer”, disse o locutor, à época.

O grande desafio
O novo tumor é grande e se espalhou por quase todo o rosto do locutor. “Ficou difícil. Talvez não consigam tirar tudo, ele pode perder metade do rosto e não vai dar para fazer plástica”, comentou Sandra por telefone à reportagem.

O primeiro grande desafio será a cirurgia para retirar as duas válvulas na cabeça, resultado de uma hidrocefalia e criptococose, chamada doença do pombo, doenças contraídas em 2014. “Elas [válvulas] precisam ser retiradas para que o Ruy possa fazer a gastrostomia”, disse Sandra, explicando que se as válvulas fossem mantidas, o risco de contaminação seria grande. “Depois ele vai para a quimio, mas não há garantia de que aguente. O medo é ele não suportar por conta da imunidade baixa devido ao HIV”, afirmou ela, referindo-se ao vírus que Asa contraiu em 1999.

De acordo com Sandra, o locutor está com dores intensas e foi sedado pelos médicos, mas tem consciência de seu estado de saúde. “Ele tem noção. Às vezes ele acha que cansou um pouco de lutar, às vezes ele acha que não tem jeito. Outras está mais animado”, comentou ela, que está ao lado dele com apoio de uma das filhas de Asa Branca e de um amigo do casal.

Trajetória de glórias e muitas doenças
Antes de a doença agravar-se, em maio de 2018, o ex-peão visitou o Diário da Região e em primeira mão anunciou sua aposentadoria das arenas como locutor de rodeios. Apesar das dores intensas na face, aquele que revolucionou o jeito de narrar as montarias e transformou o universo dominado pelas botas e esporas em espetáculo midiático não estava saindo de cena.

Longe disso, estava cheio de planos: tinha acabado de lançar um CD ao lado do violeiro Rancharia, estava prestes a lançar um documentário sobre sua trajetória nas arenas e, de quebra, anunciou a produção de um filme sobre o mesmo tema interpretado provavelmente por atores globais.

“Foram 35 anos narrando, cumpri minha missão. Que nem jogador de bola, é preciso saber a hora de parar. Consegui minha aposentadoria e agora eu quero é sossego, pescar nos corgos (sic) e no Tietê”, disse ao Diário naquela ocasião.

De tudo o que passou desde o início de sua trajetória em meados dos anos 80, das farras e das mulheres que teve, Asa Branca disse guardar apenas um arrependimento: ter se rendido às drogas. E revelou estar vivendo um recomeço literal ao reescrever a própria história, superando os muitos corcoveios que a vida vivida no limite extremo proporcionou – o vírus HIV, seis cirurgias no cérebro para vencer a neurocriptococose (conhecida como doença do pombo), uma hidrocefalia, uma meningite bacteriana e, mais recentemente, um câncer na garganta.

Ao Diário, aliás, Asa nunca se furtou em falar sobre seu passado desregrado. Assumiu publicamente os erros, com a disposição de se agarrar ao que ele mesmo entendia ser a sua chance definitiva de uma nova vida, ao lado do seu amor. Sandra, a namoradinha dos tempos de escola que em nome deste mesmo amor perdoou todos os pecados do caubói errante para ficarem juntos.

E agora é ela quem está lá, como sempre, dando todo apoio para que o capitão das arenas possa travar a nova batalha pela vida. (MC)

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rdportari

Jornalista, professor universitário, Dr. em Comunicação

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